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Ensinamentos e ecologia em A Menina e o Leão | Crítica

Um filme cheio de lições, com belas imagens e com aquele tom de sessão da tarde. Assim é A Menina e o Leão, longa que estreia dia 9 de maio, e traz a história peculiar de uma garota que é criada em meio a muitos leões no coração da África. Com direção do francês Gilles de Maistre, a iniciativa é trazer uma narrativa educativa para os jovens e o mundo, e nisso, cumpre bem o seu papel. Já como obra de entretenimento, fica distante desse objetivo, por não conseguir encaixar o drama dos personagens e as decisões de como tudo vai acontecer.

Tudo começa com a personagem Mia (Daniah De Villiers), uma menina que deixou Londres contra sua vontade para morar com os pais no meio da savana africana. Por lá, os pais tocam os negócios de um hotel que possibilite vivências de turistas junto aos leões. O rei da selva é presença constante em tela, em um belo trabalho de câmeras entre direção, atores e animais, pois vemos que não há truques ou mesmo bonecos simulando os bichos. Tudo é feito de forma muito prática e real.

Mia adora futebol, é fã do Manchester United e Wayne Rooney e conversa com um amigo via Skype. Seu único amigo, no entanto, acaba se distanciando também da vida online, e Mia percebe que não terá como lutar muito tempo contra todo o contexto que a cerca. E esse contexto inclui o nascimento de um leão branco. Com o animal surge uma nova e profunda amizade, ao mesmo tempo que ele é uma grande moeda de venda para o hotel de seus pais. O tempo passa um pouco devagar logo no início do filme, mas finalmente temos a menina se envolvendo com muito apego ao novo animal. E crescendo de verdade. A Menina e o Leão levou três anos para ser gravado e vemos Mia sair da infância para a pré-adolescência.

Aquela família linda com seu mascote. Nesse caso, um leão branco.

Passada a primeira barreira, vemos uma segunda. John (Langley Kirkwood) o pai, vai se dando conta que o fluxo de caixa da família está pendendo para o negativo. Com uma fazenda de leões, ganhar dinheiro é quase uma obrigação. E infelizmente, para arrecadar, ele precisa ir contra seus próprios princípios e acaba vendendo alguns leões para um criador sem escrúpulos que possibilita que seus clientes possam realmente caçá-los. O baque é o suficiente para Mia fugir com seu amigo pela bela paisagem africana.

A partir daí, o filme entra em sua pior parte. Quando a “aventura” deveria começar, somos jogados a arrastadas e imprecisas cenas que não comportam da melhor forma a ideia de um filme divertido e com ensinamentos. A mescla narrativa da história de Mia com uma antiga lenda africana acaba também não sendo suficiente para fazer o filme fluir, sendo basicamente uma justificativa sem sentido para a sua última jornada. Essa última jornada, por acaso, também envolve uma grande ronda policial e um drama sem sentido de um grupo especial que poderia levar algum tipo de risco de vida à Mia e seu leão branco.

Compare a Mia da foto anterior. Sim, ela realmente cresceu (e o leão também)

A Menina e o Leão ainda conta com Mélanie Laurent (Bastardos Inglórios) como Alice, a mãe de Mia, e uma produção que realmente se esmerou. Com o longo tempo de produção e gravação, e vemos realmente a evolução e crescimento dos personagens. No entanto, a mensagem final acaba sendo passada como texto em tela. É nobre, porém pouco criativo.

Veredito da Vigilia


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