Festival de Cinema

A história do Festival através de outros olhos

Chegamos ao corredor na saída da sala de debates no hotel Serrazul e esperamos. Assim que as pessoas começaram a deixar a sala, seu Walter e dona Zilah nos encontraram e informaram que estão prontos para a entrevista. Ambos estiveram presentes em todas as manhãs de debate do 47º Festival de Cinema de Gramado.

Seu Walter e dona Zilah são, na verdade, Walter de Souza Galucio, engenheiro eletricista aposentado, e Zilah Maria Coelho Galucio, professora aposentada e apaixonada por diferentes tipos de arte. O casal carioca vêm ao Festival de Cinema há 22 anos seguidos, perdendo apenas um – quando a mãe de Walter ficou doente e veio a falecer.

Na primeira vez, os dois chegaram ao Festival por acaso. Em 1997, ambos vieram ao estado com uma excursão de turismo para conhecer o Rio Grande do Sul. Gramado, uma parada obrigatória para turistas, estava no roteiro. E, casualmente, nesses dias que os turistas cariocas vieram para a cidade, o Festival estava acontecendo. Foi um caso de amor.

Walter explicou, em entrevista, que o casal “já viajava todos os anos, então, por que não viajar exatamente na época do Festival?”. Porém, viajar requer programação e organização. E, enquanto agora é muito mais fácil ficar por dentro de tudo o que acontece ao redor do mundo, 22 anos atrás não era assim. Walter comentou que para conseguirem organizar as viagens, o casal esperava notícias de um amigo de Bento Gonçalves. O amigo via a confirmação de datas para aquele ano do Festival, avisava Walter e Zilah aí então os dois começavam a ver estadia, passagens e ingressos.

Antes da internet facilitar a vida dos dois, o casal chegava à cidade e ia para a fila ver se conseguiriam os ingressos para todos os dias. Walter e Zilah já deixam a dica: é mais difícil conseguir o ingresso da primeira noite. Então, fiquem ligados para o ano que vem!

Queríamos também entender porquê a preferência pelo hotel Serrazul. Zilah explicou que, como nos últimos anos a produção do evento acontece dentro do hotel, eles preferem ficar próximos, pois é mais fácil conseguir acompanhar tudo. A professora aposentada também elencou o motivo de ser mais difícil acompanhar o Festival de Cinema do Rio de Janeiro, por exemplo. Zilah disse que: “no Rio, o Festival acontece em vários bairros da cidade. Aí você assiste um filme aqui e tem que ir até a Gávea para a próxima sessão. A gente tira o dia para fazer isso. Assistimos três filmes, mas não conseguimos acompanhar os debates. Por isso, em Gramado é mais fácil.”

O casal cinéfilo mais fofo do Festival!

Quantidade de conteúdo e mudança

Em uma conta rápida, só nos últimos 10 dias, Walter e Zilah assistiram, no mínimo:

  • 16 longas, entre nacionais e estrangeiros
  • 9 curta-metragens
  • 30 debates com elenco, diretores e jornalistas

Amantes do cinema, Zilah disse que com a proximidade de todas atividades, eles começaram a não só assistir os filmes durante o Festival de Gramado, mas também ir aos debates. Interessadíssimos por cinema, o casal afirma que isso aqui não é só diversão! Existe toda uma preparação para o Festival.

Zilah e Walter pesquisam sobre cinema, analisam os filmes, conhecem os diretores e os atores, leem as críticas (inclusive, já leu as nossas? Clique aqui!) e, talvez o mais interessante, mantém um fichamento com anotações sobre cada filme assistido. Walter explicou que isso é bom, pois eles podem voltar nessas informações e debater sobre filmes específicos mesmo depois de um tempo.

Walter e Zilah explicaram que se agora parece que eles assistiram muitos filmes, no passado era muito mais. Eles comentaram que se não houvesse o debate durante a manhã, Walter – provavelmente – teria assistido todas as mostras. Mas eles amam os debates e gostam de ter esse momento de conversa, então tudo fica equilibrado.

Indo contra o esperado do glamour ao redor de grandes estrelas, Zilah também comentou o fato de que eles não estão primariamente interessados em pessoas famosas, mas sim no conteúdo que elas podem passar. “A gente gosta de ver o que os diretores pensam, o que os jornalistas pensam, o que os críticos acharam do filme”, explicou. Mas o coração de fã também existe! Zilah contou sobre seu encontro com Sônia Braga esse ano e um encontro com a diretora Anna Muylaert, responsável pelo filme “Que horas ela volta”, que deu um presente do filme para Zilah.

Outra pessoa que já conhece o casal é o cineasta Fábio Barreto, responsável por filmes como “O Quatrilho” e “Lula, o filho do Brasil”. Fábio e os dois cinéfilos já se encontraram tantas vezes que o cineasta já os reconhece por nome e pergunta a opinião do casal sobre suas obras.

Walter, Zilah e o Festival

No meu primeiro dia de debate, Bruna – que fez a cobertura comigo – avisou: “esse é seu Walter e dona Zilah, eles vêm há mais de 20 anos”. Me vi intrigada sobre essa história que acompanhou o desenvolvimento do Festival, assim como o desenvolvimento da cidade de Gramado.

Seu Walter e dona Zilah não participam de festivais de cinema fora do país e amam o Festival de Cinema de Gramado, uma das razões pelas quais eles voltam todo ano para prestigiar o evento. Apaixonados por arte, eles prezam pelo cinema brasileiro e gostam dessa imersão que podem ter na indústria criativa.

É o terceiro ano que a equipe da Vigília Nerd consegue cobrir esse que é o maior Festival de Cinema do Brasil. Fechamos nossa imersão no cinema nacional e latino-americano com sabor de quero mais e mal podemos esperar para voltar no ano que vem. E claro, reencontrar tanto seu Walter quanto dona Zilah nas manhãs de debate.

A Vigília não para!

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