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“A Favorita” e seu delicioso duelo de atuações | Crítica

A Favorita, novo filme de Yorgos Lanthimos (O Lagosta, O Sacrifício do Cervo Sagrado), é uma obra mais do que caprichada. Cheia de requinte, ela coloca três grandes atrizes no centro de uma trama que mescla ambição, política, guerra e um quase triângulo amoroso delicioso de se assistir. Não é a toa que a reunião fantástica de Olivia Colman, Rachel Weisz e Emma Stone está entre os indicados ao Oscar de Melhor Filme em 2019. Quer mais? Temos ainda indicações para todas as três atrizes, além de Diretor, Roteiro Original, Figurino, Direção de Arte, Fotografia e Edição. E todas elas são justíssimas.

Yorgos Lanthimos lança ao público a história de uma frágil Rainha Anne (Olivia Colman).  Ocupando o trono, mas sem qualquer tipo de auto-estima e confiança, perseguida por tragédias, ela acaba terceirizando as maiores responsabilidades para a amiga Lady Sarah (Rachel Weisz). E basicamente as maiores responsabilidades de uma Rainha são governar a Inglaterra no século XVIII durante uma guerra. Nesse aspecto, ela prefere ficar sozinha no quarto e cuidando de seus inúmeros coelhos, numa luta contra o espelho, doenças e a própria preguiça.

Olivia Colman é a rainha preguiçosa em “A Favorita”. Crédito: Atsushi Nishijima

Por outro lado, Lady Sarah é pura fibra e manda e desmanda na coroa. Tudo muda quando sua prima, Abigail (Emma Stone) surge após, sem muita escolha, ter que abandonar a família para levar a vida. Antes parte da aristocracia, agora Abigail deverá se virar como uma serva. Mas em sua primeira chance, ela vai tentar reaver seu espaço entre os mais nobres. É a partir daí que vemos uma erupção de grandes atuações entre as três. Um duelo lindo de se ver em tela grande.

Rachel Weisz: outra força da natureza. Créditos: Yorgos Lanthimos.

Depois de conquistar a confiança das duas mulheres mais poderosos do reino, Abigail mostra suas asinhas da melhor forma, colocando pra fora um sem número de atitudes que vão lhe beneficiar. E aí não importa se ela fará amizade com o principal líder da oposição, o Sr. Harley (Nicholas Hoult), ou se colocará no meio de uma paixão secreta. A briga de ambições toma conta das três protagonistas em uma tragicomédia que cresce por toda a ambientação, cores, figurinos e uma edição por capítulos. Olivia Colman, na pele da frágil rainha dá o tom de dramalhão. Ela não tem força para fazer quase nada sem suas companheiras. Rachel Weisz faz uma Lady Sarah de pulso firme, mas que não tem qualquer flexibilidade. E Emma Stone a ambiciosa que cresce e não vê mais limites para suas ações. Um barril de pólvoras prestes a explodir.

Emma Stone fecha a trinca de ouro com a ambiciosa Abigail. Crédito: Yorgos Lanthimos.

A Favorita é daqueles filmes que poderiam ter até três horas que você assistiria numa boa, só pelo deleite de situações e atuações. Quase certo que teremos as protagonistas saindo com um troféu na cerimônia do Oscar. Deixo o quase em função de Glenn Close, que vai disputar braçada a braçada a estatueta de Melhor Atriz por seu papel em A Esposa. A de coadjuvante já é de Emma Stone ou Rachel Weisz. Mas não seria injustiça premiar todas elas.

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