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The Crown – Crítica da 1ª Temporada

Uma série para mostrar os bastidores da família real mais famosa do mundo. Assim é The Crown, uma das produções mais caprichadas da atualidade e uma qualidade diferenciada de produção, elenco e cenografia. Não à toa, é a série mais cara da TV mundial, com um orçamento anunciado de US$ 130 milhões. E tudo isso se mostra na tela, em mais uma grande jogada da Netflix.

Sob comando de Peter Morgan, antes responsável por obras como A Rainha, Frost/Nixon, em parceria com o diretor Peter Daldry (Billy Elliot, As horas), a série traz todo um contexto histórico de uma coroação precoce e os obstáculos que Elizabeth II (Claire Foy), na época com 25 anos, precisou encarar. De repente, a princesa não é mais apenas uma esposa, uma irmã ou uma filha. Ela é a rainha, a chefe da família, a chefe do estado, a chefe da Igreja Anglicana, e a chefe da Comunidade das Nações. E não é pouco.

Claire Foy interpreta a rainha Elizabeth II

Rebuscada e respeitosa, a série busca contextualizar e imergir o espectador, se valendo de flashbacks e muito material jornalístico e produções reais de épocas passadas (assim como em Narcos), geradas com toda as possibilidades que só uma família real poderia ter naquele contexto. Mesmo assim, não deixa polêmicas reais de lado. Elizabeth não fazia parte da sucessão ao trono. É importante lembrar que seu falecido pai, o Rei George VI (Jared Harris), foi coroado porque seu irmão mais velho, Deivid, ou Edward VIII (Alex Jennings), abdicou ao trono para se casar com Wallis Simpson, uma americana duas vezes divorciada. É mostrado esse escândalo e, também, suas consequências à monarquia.

Vanessa Kirby é a enérgica Margaret

Outro fato marcante da intimidade real é a relação entre Elizabeth e Margaret (Vanessa Kirby). Conturbada pelas escolhas da irmã, apaixonada pelo capitão da Força Aérea Real, Peter Townsend (Ben Miles), a nova rainha fica dividida entre o dever, a intimidade da irmã e as consequências que a “autorização” para o casamento teriam para todo um reinado.

Política e trilha sonora

A política é um outro aspecto a se destacar. Muito nova e inexperiente, Elizabeth é mostrada na série tendo que encarar políticos históricos, líderes mundiais e o clássico primeiro ministro Winston Churchill, encarnado (para nossa alegria) por um inesperado John Lithgow. Despreparada, ela questiona até a educação que recebeu de seus pais, como no forte diálogo com a Rainha-Mãe (Victoria Hamilton), mostrando que a sua educação diferenciada também a colocava fora de muitos contextos históricos e políticos. Esse fato faz com que ela contrate um professor particular para ter noções de matérias e assuntos mundanos.

Churchill surge no improvável John Lithgow

Com o tempo, Lilibet, como era chamada na família, vai pegando o jeito e também endurecendo como mulher, o que também fica nítido na relação com Churchill, que levou sermão ao mentir para a “Coroa”, e também com o marido fanfarrão Philip/Filipe (Matt Smith), o também Duque de Edimburgo.

Como falamos, o capricho da série é em cada detalhe. Por isso, ninguém menos que Hans Zimmer assumiu os trabalhos da trilha sonora. Esse foi também seu primeiro projeto para a TV. Nada melhor do que o autor de trilhas consagradas para musicar um dos contos de fadas mais distorcidos já vistos na vida real.

A série vale cada segundo e entrar na trama é também adentrar a contextos históricos do mundo real. Morgan e Daldry voltarão para nos contar mais em uma já confirmada segunda temporada.

Curiosidades históricas:

     O rei George VI com as filhas princesas

 

  • O Rei George VI, pai de Elizabeth, foi interpretado anteriormente no cinema por Colin Firth, no oscarizado filme O Discurso do Rei.
  • Antes de ascender ao trono, a Princesa Elizabeth programava sua vida com Filipe, que iria seguir carreira na Marinha.
  • A ideia é que vivessem um tempo em Malta, aumentando a família real longe dos holofotes. Na série vemos os filhos Charles e Ana, ainda bem crianças.  
  • Segundo o criador Peter Morgan, “o interessante ao escrever o roteiro não foram os eventos históricos específicos”, mas sim o “o foco na família”, pois dentro dela “existe a Coroa, e a Coroa é uma bomba que altera a estrutura de tudo”.
  • Morgan também escreveu o roteiro de A Rainha, filme vencedor do Oscar estrelado por Helen Mirren, que retrata a relação entre Elizabeth II e o ex-Primeiro Ministro Tony Blair nos dias que sucederam a morte da Princesa Diana. Também foi autor da aclamada produção teatral The Audience, que analisa a relação entre Elizabeth II e seus Primeiros Ministros.
  • Apesar de ter desistido da Coroa, David, ou Edward VIII, continuava se julgando merecedor dos privilégios reais, talvez até mesmo por levar uma vida ociosa em exílio.
  • Além de filmar na Inglaterra, The Crown também se aventurou pela Escócia e África do Sul.

Veredito da Vigilia

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