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Stranger Things 2: uma temporada ainda maior | Crítica

Mais de um ano depois da estreia apoteótica de Stranger Things (em julho de 2016), recebemos no dia 27 de outubro todos os novos 9 episódios da história que dá continuidade aos estranhos acontecimentos da pequena Hawkins. E com toda a expectativa, produção e mística que se criou em torno da série, já dá pra dizer que os Irmãos Duffer novamente conseguiram entregar um ótimo material. Tão boa quanto a primeira, e ainda mais grandiosa, a segunda temporada expande o universo do Mundo-Invertido, acrescenta personagens, mantém a pegada e as referências oitentistas que tanto fizeram o sucesso da narrativa, além de nos jogar para perigos ainda maiores. E quando falamos maiores, estamos falando de uma escala literalmente gigantesca. Sempre envolvendo mistério, bom-humor, aventura, personagens cativantes e a clássica trilha sonora matadora que nos acostumamos. A diferença agora é quanto aos ganchos, as possibilidades e o quanto a fórmula pode ficar dependendo de si mesma. Apesar de excelentes, as referências agora passam a não ser só homenagens, e podem cair em cópias bem fáceis de se localizar no universo da cultura pop.

Will, pobre Will.

Começamos com uma grande novidade, que é sair de Hawkins. As primeira cenas mostram o que já se suspeitava. Se temos uma menina que é a 11ª de um experimento, antes dela vieram outras cobaias. E aqui conhecemos a 08, que já demonstra seus poderes em prol de uma causa que pode ser bem questionável, no estado da Pensilvânia. Mais tarde veremos que ela e seus amigos tem um pé (ou os dois) mergulhados na essência dos quadrinhos dos X-Men dos anos 80. Também temos Max (Sadie Sink) que de cara envolve Dustin e Lucas, e muitas referências da cultura pop (mas elas por si só merecem um texto exclusivo). Somos apresentados a Bob Newby (Sean Astin), novo namorado de Joyce (Winona Ryder) e um novo queridão da série, além de Billy (Dacre Montgomery, de Power Rangers), o novo escroto. Com os primeiros episódios preparando o terreno para a nova realidade de todos, já no ano de 1984, temos a certeira exploração das consequências da volta de Will (Noah Schnapp) do Mundo Invertido e a atual situação de Eleven (Millie Bobby Brown) com o xerife Hooper (David Harbour).

As visões de Will continuam atormentando a família Byers, que agora o trata no mesmo laboratório misterioso. A diferença é que agora há uma equipe muito mais humana dando as ordens por lá, entre eles, o Dr. Owens (Paul Reiser). Há ainda a inserção de um pseudo-investigador que criou uma teoria da conspiração quanto a tudo que aconteceu na cidade. Chamado Murray Bauman (Brett Gelman), ele terá uma rápida, mas importante intervenção na temporada.

Apresentados os novos personagens, a trama dá vazão ao crescimento dos meninos, suas relações, conflitos e nerdices, além de isolá-los da melhor amiga, que é mantida quase que em cativeiro. E tudo isso terá grandes consequências durante o passar do tempo. Will é novamente o que mais sofre, sempre atormentado e desgraçado pelo seu trauma. Ele agora consegue ver uma realidade paralela e mesmo um palpite encorajador de Bob vai ser ainda mais traumático para ele. Os Demogorgons não estão sob-controle e vão estar ainda mais perto do que na temporada passada. Conhecemos um pouco mais do passado de Eleven (e seu nome verdadeiro, até segunda ordem) e das dinâmicas do Dr. Brenner (Mathew Modine).

Alguns mistérios de Eleven são revelados

Mantendo seus grandes acertos e expandindo a trama, Stranger Things aparece como um produto a ser seguido pela Netflix. O padrão de menos capítulos é o que permite uma boa dinâmica de acompanhamento. Muitas das séries, com 13 ou mais, são nitidamente incrementadas com histórias dispensáveis e que acabam pesando negativamente. Desta vez, temos um episódio a mais do que temporada passada e já se nota um certo desvio de rota.

Um outro destaque da série é entregar arcos mais bem amarrados e não sacanear o público com as deixas abertas para sequências. Tal qual sua narrativa de origem, Stranger Things 2 entrega uma história concisa e que de certa forma não deixa ninguém com interrogações latentes com cortes abruptos nos últimos segundos de exibição. Todos começam, e (quase) todos terminam suas novas histórias. Afinal, nem tudo são flores para um local que agora conta com os, intitulados por Dustin, Demo-Dogs, atacando por aí.

Com essa nova temporada, Stranger Things continuará a ser pauta por muito tempo. E com muitos méritos. E se ela cresceu enquanto produção e ameaças, já dá pra se esperar que essa evolução seja quase que exponencial para os próximos anos. Ela continuará ditando regras e moda por muito tempo, já ganhando seu espaço como um novo ícone da cultura pop mundial. Os Irmãos Duffer tem um diamante nas mãos que pode ser lapidado e ganhar ainda mais brilho. Basta manter as boas ideias, o elenco cativante e as evoluções dentro da proporção, sem forçar o limite do que é referência e homenagem para o que é uma quase cópia.

E como muita gente já está literalmente viciada na série, vale também olhar o Universo de Stranger Things, série de comentários e entrevistas com o elenco que também já está disponível no catálogo.

Boa maratona!

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Veredito da Vigilia

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