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House Of Cards | Crítica 5ª temporada

House Of Cards é uma das séries mais marcantes dos últimos tempos. Não há limites para Frank Underwood e sua fiel (nem tanto) esposa Claire. E na quinta temporada temos mais do mesmo, e claro, isso é ótimo. A nova fase de Frank (Kevin Spacey) e Claire (Robin Wright) exige um pouco mais dos espectadores. As tramas estão cada vez mais profundas e nem sempre temos o frescor em mente do que se passou nas quatro temporadas anteriores. O fato é que, a vida imita a arte, a arte imita a vida e, sim, está difícil competir com o Brasil. Mas House Of Cards está cada vez mais provocativa e aguçada com os conflitos do lado de cá da TV.

Olha como somos populares!

Com vistas a perder a eleição, o casal mais poderoso da terra resolveu engrossar ainda mais o caldo. Se já não era pouco o que tínhamos antes, bem, agora teremos quase tudo que já vimos anteriormente, mas em uma só temporada. Afinal como Frank decretou onde nos deixou na temporada anterior: “Nós fazemos o terror”. E eles fazem mesmo. O ardiloso personagem de Spacey orquestra tudo para embolar o meio de campo e retirar o rival galã Will Conway (Joel Kinnaman) da corrida eleitoral. Ele consegue, e pior, tira seu adversário da sanidade mental e se aproveita disso da melhor forma. Culpa dos imbricados sistemas políticos e colégios eleitorais dos EUA, das regras feitas, e, claro, a pitada Underwood com uma ligação hacker precisa com o dedo de LeAnn (Neve Campbell) e seu affair Aidan Macallan (Damian Young), mais dois peões no tabuleiro de Frank.

Estamos tentando entender esses dois…

Mas nada é por acaso. Temos personagens profundos e novos nessa temporada. Tente decifrar os enigmáticos Mark Usher (Campbell Scott), no maior jogo duplo, e tente entender em que time joga Jane Davis (Patricia Clarkson). Com Conway já fora da jogada e com sua reputação um tanto abalada, a trama segue para novas correntes. Petrov (Lars Mikkelsen) continua se metendo em tudo e o novo deputado Alex Romero (James Martinez) está disposto a tudo para alavancar sua carreira. Mas eles não são as únicas ameaças. Como sempre, o passado dos Underwood bate à porta. Zoe Barnes, Rachel e outros nomes ainda são pauta do The Washington Herald e o experiente repórter Hammerschmidt (Boris McGiver). Um Impeachment também está prestes a eclodir e com ele toda a bola de neve de porcarias já acumuladas pelo casal Underwood. Mas a sede de poder é maior. E Frank domina o tabuleiro de xadrez. A situação na Síria é, assim como na vida real, um fator importante, fique atento aos paralelos.

Com a lama prestes a dar outro tom para a Casa Branca, Francis faz o que faz de melhor. Olha para a tela e explica os detalhes pra gente. Aliás, a quarta parede é arrebentada diversas vezes nesta temporada, com direito à ótimos textos, frases marcantes e um giro pela cena congelada. Um ótimo artifício narrativo, diga-se de passagem. Mas como ele faz de tudo para impedir o pior (para ele), nada como um novelesco empurrão das escadas para que a outrora amiga Catherine Durant (Jayne Atkinson) mantenha o bico calado. Quando a defesa é frágil, Francis parte pro ataque. E num discurso histórico vai até o Congresso que já escutou algumas delações (Brasil, sil, sil), inclusive do ex-presidente Walker (Michel Gill). Impossível não ~vibrar~ e dar risadas, principalmente porque moramos no Brasil. E até mesmo um pedido de renúncia vira uma estratégia de vitória.

Angelical… só que não.

Portanto sim, temos finalmente a primeira presidente mulher dos Estados Unidos. Será que era uma aposta (frustrada) da produção com a realidade? Pode ser. Essa temporada foi gravada durante toda a engronha das eleições norte-americanas. Claire, sempre um ponto alto da série, esbanja classe por onde passa, porém, parece menos autoconfiante do que nas temporadas anteriores. Seu relacionamento com o escritor Tom Yates (Paul Sparks) esquenta. Ao ponto de que ele não é mais só um convidado, mas sim um morador da Casa Branca. A falta de noção, é claro, chega ao ponto dos assessores o verem dormindo na cama de Claire. Francis, como sempre, parece não se importar. Ele, inclusive, volta a reviver suas preferências sexuais com um aleatório personal trainner (#bapho!). Yates, por sua vez, não preza pela discrição e chuta o balde transando com a responsável pelas excursões na Casa Branca em cima do púlpito presidencial. Seus relatos e livros, é claro, não jogam a seu favor. Afinal ele escreveu a verdade sobre o casal. Ele é apenas mais uma pedra no sapato dos Underwoods, que costumam apagar arquivos que lhes prejudiquem. Temos então Claire descendo ao nível de Francis em uma cena um tanto chocante de amor e morte (!).

“My turn”.

Nessa quinta temporada, mais do que nunca dá pra dizer que House Of Cards está levando a sério o bordão de Game Of Thrones: “Em House Of Cards você vence, ou morre”. Embora sempre mantendo o alto nível, algumas coisas se repetem na trama. Os problemas são superados, outros voltam, e novos surgem. E quando você acha que tudo está perdido, vem Francis e coloca tudo em outro patamar. A obsessão por poder é a única coisa que lhe move, e desta vez ela superou até mesmo seu “amor” por Claire. Mas ela está ganhando espaço. E olha só, agora ela também está falando diretamente com a gente. É aí que sua personagem cresce, e passa por Francis, que agora está fora da Casa Branca. E claro, aquele cliffhanger de final de temporada que só House Of Cards pode nos proporcionar. Claire olha pra gente e diz: “Minha vez”. Ao mesmo tempo em que pensamos, ok, até a próxima temporada.

E Frank Underwood, o vilão que amamos, tem uma estampa muito legal lá na nossa parceira Chico Rei: http://bit.ly/2sE0nUE

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