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Demolidor é o melhor das séries da Marvel | Crítica da 3ª temporada

Demolidor veio para salvar a lavoura com sua terceira temporada. Se o reinado da Marvel nas telas de cinema é inegável, o mesmo não ocorre nas séries de TV. Principalmente em 2018, quanto tivemos terríveis temporadas de Jessica Jones e Punho de FerroLuke Cage foi a única que melhorou -. E não por acaso tivemos o cancelamento do Imortal e do herói de aluguel do Harlem. Mas existe Demolidor… e Demolidor não nos deixa na mão. A terceira temporada, que estreou no dia 19 de outubro, era tudo que os fãs pediam dentro do escopo da parceria Marvel e Netflix.

O carinho com o personagem é inegável frente aos seus companheiros de Hell’s Kitchen. Desde a primeira temporada, quando tivemos a origem do Homem Sem Medo e do Rei do Crime (excelentemente vivido por Vincent D’Onofrio), passando pela segunda com a apresentação do Justiceiro (Jon Bernthal) e chegando na terceira, com o incrível acréscimo do Mercenário/ Ben Poindexter (Wilson Bethel). Os motivos são muitos para colocar Matt Murdock (Charlie Cox) no primeiro lugar desse ranking de séries da Marvel.

Vincent D’Onofrio é uma força da natureza como Rei do Crime

Desta vez, continuamos a história com o desfecho de Matt em Defensores (outra série que ficou aquém do que os fãs gostariam). Sobrevivendo, vemos o herói já debilitado com seus principais dons afetados. E a crueza está de volta desde o início, quando ele consegue se recuperar, e de forma muito forte, recupera sua audição e radar. A sua estadia na Igreja retoma uma boa ligação do personagem com a fé, que já é trabalhada também desde 2015, ano de estreia da série. Wilson Fisk já negocia sua saída da prisão, que se dá com uma excelente apresentação de Poindexter. Ponto para as cenas de ação, que, mesmo com algumas limitações técnicas, são sempre muito boas.

Outro grande diferencial de Demolidor, para além de ser um dos personagens mais marcantes dos quadrinhos da Marvel, é a consolidação de seu universo com tempo entre todos os arcos apresentados. Esse aspecto ficou devendo, com exceção de Luke Cage, nos demais personagens. A dualidade entre Matt e Wilson Fisk é o que move tudo, e não tomar decisões equivocadas (como matar o vilão Killgrave na primeira temporada de Jessica Jones e Boca de Algodão em Luke Cage) só fez crescer a série. Além disso, contar uma história mais concisa, sem tentar colocar tantos personagens (como o próprio Justiceiro e Elektra, nas anteriores) funciona melhor. O roteiro se dedica a quem precisamos. E mesmo com os 13 episódios (uma marca quase negativa nas séries da Marvel) não temos a clássica barriga no meio da trama principal. O elenco de apoio também foi quase que impecável. Todos tem valor e uma boa participação. Karen Page (Deborah Ann Woll), Foggy Nelson (Elden Henson) e o novo integrante, o policial Ray Nadeen (Jay Ali), com uma boa sub-trama.

Um inimigo (mais um na verdade) atordoado? Temos!

A adaptação do vilão Mercenário acabou ficando orgânica quanto ao mundo criado já nas temporadas anteriores. E a primeira cena de luta entre ele e Demolidor é daquelas coisas que nos fazem vibrar. E as coisas só crescem quando vemos que a todo momento o Rei do Crime está sempre cinco passos a frente de Matt, Karen e Foggy. Ele orquestra da melhor forma as funções que vão mudar a visão da sociedade. O Demolidor passa de justiceiro mascarado para um grande vilão, com o Mercenário utilizando o traje do herói. Uma surpresa e tanto.

Nessa terceira temporada de Demolidor, todas as camadas funcionam e todas as ações ganham uma reação. Tanto que temos seguidas cenas de matérias de jornais, ações de justiça, o núcleo da igreja e de tantas famílias envolvidas com os vários personagens. A mescla de série de herói com série policial e de tribunal é certeira, e até mesmo camadas do passado de Karen Page se encaixam bem, sem parecer qualquer tipo de enxerto. Até mesmo o fato de não termos o Demolidor na roupa do Demolidor não chega a ser um incômodo. No final das contas, é outro grande acerto da temporada.

Matt Murdock reencontra o amigo Foggy Nelson

No final, temos o embate que vai se construindo desde o início da série. Embora a cena de luta final seja muito boa, talvez pudesse ser um pouco mais intensa. Mas funciona muito bem, até mesmo com a surpresa do Mercenário invadindo o casamento do Rei do Crime. E claro, temos o gancho necessário para uma continuação. E essa, eu apostaria uma caixa de água mineral que já será no serviço de streaming da Disney. Ou é isso, ou teremos um anúncio diferente para as próximas séries da Marvel e Netflix. Aguardamos desde já com ansiedade. Principalmente pelo nível alcançado por Demolidor. Ele salva a lavoura.

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