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10 Segundos para Vencer: aplausos e estreia em Gramado

O pugilista brasileiro Éder Jofre ganhou mais uma justa homenagem. Desta vez, em forma de uma espécie de cinebiografia dramatizada. O longa “10 Segundos para Vencer”, de José Alvarenga Jr., teve sua premiére nacional no tapete vermelho do 46º Festival de Cinema de Gramado na noite de quinta-feira, dia 23 de agosto, e teve uma ótima recepção do público.  Agora, já em 2019, o filme foi fracionado e estreia na terça-feira, dia 8 de janeiro, na programação da Rede Globo.

Colocando nomes conhecidos no núcleo central, 10 Segundos para Vencer é uma boa produção, que teve vida rápida nos cinemas. É um filme de vitórias, justas vitórias. Daniel de Oliveira (Cazuza, O Tempo não Para) é o protagonista Éder Jofre, seu pai, Kid Jofre, é Osmar Prado (que ganhou o Kikito de Melhor Ator por sua atuação no longa). O elenco se completa ainda com Ricardo Gelli, Sandra Corveloni, Rafael Andrade, Samuel Toledo e Keli Freitas.

Daniel de Oliveira e Osmar Prado dão vida ao núcleo forte da família Jofre

Para você que chegou agora, talvez o nome Éder Jofre não signifique em um primeiro momento. Mas, estamos falando de um dos maiores desportistas que o Brasil já criou. Muito antes de Popó, muito antes de Maguila, Jofre ganhou dois títulos mundiais e cunhou o apelido Galinho de Ouro nos ringues. Desde 1960 até 1965 ele manteve o cinturão de melhor do mundo, vencendo todas suas lutas por nocaute, nunca tendo ouvido a contagem completa dos 10 Segundos para Vencer, que dá título ao filme. Um feito e tanto, e justamente mostrado agora na dramaturgia nacional. Ainda não está satisfeito? Após alguns anos aposentado, ele voltou ao Boxe, algo impensado para sua idade, e, em uma categoria acima, voltou a ser campeão mundial em 1973. Vamos lá, isso não é spoiler, é um pouco de cultura geral e esportiva.

O filme conta como Éder começou sua vida como pugilista, em um bairro humilde de São Paulo, sempre impulsionado pelo pai, Kid Jofre, um argentino apaixonado pelo esporte. E tudo isso numa época em que o Boxe não era visto como um grande esporte (pelo menos não tanto quanto na atualidade). As dificuldades eram enormes para Éder, sua família, que mal conseguia se sustentar. Mas Éder passou a mostrar que era um extra-classe, superando dificuldades e buscando o esporte após uma grande decepção de seu tio Waldemar Zumbano, um também talentoso pugilista, mas que botou tudo a perder pela sua personalidade controversa. Nota importante: Éder sempre valorizou os estudos em um núcleo onde as luvas eram a prioridade, mais uma característica que o tirou do nível normal dos esportistas.

Casando muito bem a ação das lutas e inúmeros alívios cômicos, José Alvarenga Jr., que já demonstrou em sua carreira que transita bem pelos dois gêneros, constrói um bom filme, amparado por um elenco competente que entrega tudo que uma obra do grande público pede. No entanto, por estar em uma mesma mostra de cinema onde tivemos outra cinebiografia de outro personagem da cultura pop (cito Simonal, de Leonardo Domingues), parece que “10 Segundos para Vencer” acaba sendo um déjà vu. Obviamente não pela história, mas pelo formato, que basicamente é visto na maioria das cinebiografias. A análise pode ser bem injusta, afinal, não são os diretores que escolhem a ordem de exibição no Festival. Mas no comparativo, 10 Segundos para Vencer acaba não nos tirando da zona de conforto, e mesmo os obstáculos mais duros, acabam não parecendo tão intransponíveis para o talento do boxeador. Você sabe que tudo vai dar certo.

“10 Segundos para Vencer” é uma grande homenagem e um resgate importante da nossa história esportiva, e talvez o início de uma leva que possa contar grandes histórias brasileiras nas telonas (ou telinhas). Exemplo temos, basta escolher. É a valorização de um recorte importante do Brasil, e por si só, um trunfo. 

A Vigília Recomenda! E vale conferir nossa entrevista exclusiva com Osmar Prado, que ganhou o Kikito de Melhor Ator pelo seu papel no filme no Festival de Gramado.

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