Velozes e Furiosos 10 e a piada que vai perdendo a graça!
Velozes e Furiosos 10 estreia dia 18 de maio em todo o Brasil!
Na vida do crítico de cinema, não raramente, a gente acaba saindo do cinema e pensando “caramba, o que eu vou falar desse filme?”. A pergunta que volta e meia bate ao sair de uma cabine de imprensa, chegou forte novamente em Velozes e Furiosos 10 (Fast X), filme que, teoricamente, ‘dá início ao encerramento’ da saga iniciada com Velozes e Furiosos (The Fast and the Furious) em 2001. Isso mesmo, 2001. E enfim, cá estou eu tentando organizar as palavras para não soar repetitivo ou mesmo o hater da vida.
Mas antes, vamos a uma informação importante: o que inicialmente seria o primeiro de duas partes, agora pode ser o primeiro de uma TRILOGIA final. A notícia foi dada pelo próprio Vin Diesel, astro e basicamente dono da franquia. E pensando bem, até faz sentido no escopo de exageros que a saga toda se transformou.
Nas nossas últimas críticas aqui no site, não foi raro usarmos “não há limites” ou adjetivos parecidos nos títulos. E para não ficar clichê, vamos tentar eliminar o uso da palavra “limite” por aqui também. Enfim.
Policiais infiltrados, Rio de Janeiro, lua e submarinos no gelo
A franquia que começou com policiais infiltrados em rachas clandestinos (e olha só, naquela época só precisavam de 1h30 de duração e não 2h30…), agora já foi ao espaço, já fez pêndulo com carros, já passou pelo Brasil, já usou submarinos gigantes na Antártida, e já reuniu todos os atores possíveis. Pois é. E o volume da franquia cresceu loucamente que quase não tem mais para onde correr. Mas continuou correndo… e claro, acelerando. Mas sabe quando, mesmo sabendo que o filme tem sua ação desenfreada e não se leva a sério, passa a virar o fio? Cruza a linha tênue entre amor e ódio? Pois é quase isso. Apesar de seguir seu padrão dos últimos tempos, Velozes 10 faz um retcon (continuidade retroativa) para inserir Jason Momoa (Aquaman), como Dante, o filho do grande vilão de Velozes e Furiosos 5, Hernan Reyes (Joaquim de Almeida) que, não por acaso, se passa no Brasil.
Feito o retcon e inserido o vilão, Velozes 10 serve para mostrar o quão perigosa é a nova ameaça que vai rondar Dominic Toretto (Vin Diesel) e claro, todo sua família… Afinal, Velozes é sobre família, não é mesmo? E reunindo todos os personagens possíveis, o diretor Louis Leterrier (O Incrível Hulk, Lupin) foi o incumbido em amarrar o fiapo de história e entrelaçar todos os núcleos de personagens, que aqui são propositalmente separados.
Choque de Cultura
Mas mesmo sabendo que veremos “carros, explosão e mulherio”, no bordão consolidado pelo Choque de Cultura, parece que a piada repetida, que nunca chegou a ofender, começa a pesar seriamente. Momoa entrega um mix de Coringa carnavalesco, cheio de trejeitos, e vai em busca de sua vingança. Ele não quer matar, e sim, fazer sofrer. E como estamos diante do “início do fim”, esse filme é o “Guerra Infinita” dos carrões. E por isso, já se pode imaginar que o vilão realmente precisa se destacar. Veja bem, não estou comparando a qualidade dos filmes, apenas dizendo que em Velozes 10, assim como em Guerra Infinita, o filme é todo do vilão. Um é o filme do Thanos, o outro é o filme do Dante. E ok, ficamos por aqui com a comparação.
Momoa até se destaca, mas o problema é que desde as primeiras cenas, a piada repetida começa a não ter a menor graça. A barra é forçada ao extremo, e particularmente, eu ri em vários momentos do filme, mas era de incredulidade e não porque o humor e as piadas funcionaram. É estranho chegar nesse nível, afinal, todos nós sabemos o que nos aguarda antes de entrar numa sessão de Velozes e Furiosos. O que antes acontecia de forma mais orgânica, agora parece um tanto quanto caricato. Quase um anime gigante anabolizado pelos astros e explosões envolvidos.
E como em Guerra Infinita as coisas não terminam muito bem. Você pode apostar que Toretto terá realmente muitas dificuldades. O número de atores (vamos lá? Charlize Theron, Jordana Brewster, Hellen Mirren, Michelle Rodriguez, John Cena, Tyrese Gibson, Brie Larson, Ludacris, Nathalie Emmanuel, Jason Statham e Alan Ritchson) garante ainda uma enormidade de pequenas viradas nas situações de perigo, mas nada que um outro plot-twist não resolva a parada para o lado de Dante. Afinal, os roteiros aceitam tudo, não é mesmo? Nesse sentido, nada de errado.
Como grandes surpresas (não vou entregar aqui), ainda temos, assim como em Guerra Infinita, opa não, Ultimato, alguns outros personagens que podem reaparecer para pender a balança para o lado de Toretto. E elas são bem óbvias, mas usadas corretamente para dar o aquele climão de “você não perde por esperar”, ou como dizem os jovens “vemmm aí”. E claro, para manter o clima popularizado pela Marvel Studios, ainda tem aquela cena pós-créditos para deixar a expectativa lá em cima (ou não).
Bom, então, só nos resta esperar para ver até onde essa “trilogia” final vai nos levar. Alguma aposta?