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Tom & Jerry: O Filme resgata o clássico em uma adaptação que surpreende

O gato e o rato mais famosos da cultura pop estão de volta em uma adaptação que surpreende. Tom & Jerry: O Filme repete o que outros colegas de animações tentaram recentemente, mas com uma grande diferença: consegue ser muito mais competente. O novo filme de Tim Story (Quarteto Fantástico, Táxi) acerta em não tentar criar o seu “live-action” e fazer o clássico feijão com arroz. No filme, que conta com as participações de Michael Peña (Narcos, Dora e a Cidade Perdida), Chlöe Grace Moretz (A Família Adams) e Rob Delaney (Deadpool 2), a solução para termos os famosos grandes inimigos na tela grande é básica: todos os animais são feitos em animação. Nada de 3D, CGI ou algo assim. A inserção de Tom & Jerry é feita da mesma forma que em 1940, quando eles estrearam na televisão. E essa decisão acertada, uma mistura que já vimos funcionar e muito em Uma Cilada para Roger Rabbit (1988) e Space Jam (1996) é o amparo para não haver estranhezas como em Pica-Pau e Scooby-Doo.

A adaptação da maior rivalidade das animações em todo o mundo, é, na verdade, uma grande vitória. Não temos grandes pretensões e tudo em Tom & Jerry: O Filme soa muito honesto desde o princípio, quando uma pomba (sempre em animação) olha para tela e começa a cantarolar um rap. Na sequência dos acontecimentos, já estamos com a suspensão da descrença ligada e os personagens criados por William Hanna e Joseph Barbera não decepcionam, mesmo que algumas cenas sejam copiadas e coladas da animação que aqui no Brasil ganhou fama nas manhãs do SBT. Alguns dirão que é fan service, outros que são referências. Chame como quiser, elas funcionam e isso já basta.

Chlöe Grace Moretz e Michael Peña entregam o necessário para a história funcionar

Na trama, que com tudo que já foi colocado, não precisa de muita coisa, Tom persegue Jerry após ele prejudicar o seu ganha-pão como músico vigarista no Central Park e os dois acabam invadindo um grande hotel, que receberá o casamento do século. É lá que eles topam com – a também vigarista – Kayla (Chlöe Grace Moretz), que dá um golpe baixo para conquistar a vaga de assessora temporária do evento. Seus patrões Terence (Peña) e o Sr. Dubros (Delaney) lhe darão então a incumbência de tirar o roedor dos corredores do famoso hotel. E claro, para isso, vão usar “200 milhões de anos em evolução” na missão, ou seja, escalar o gato Tom como caçador do rato Jerry. Como sabemos, nada vai dar muito certo.

A brincadeira de gato e rato simplesmente vai acabar com o evento (e vamos combinar, isso não chega a ser um spoiler), que ainda acrescenta Colin Just como Ben, o noivo, e Pallavi Sharda como Preeta, a noiva. No meio dessa encrenca toda, o longa se ampara nas longas cenas de perseguição e nas presenças de personagens que orbitavam a animação, como o cão Spike e até mesmo os diabinhos e anjinhos que influenciam nas decisões de Tom. Jerry, como sempre, consegue ser o fanfarrão e se quebrar bem menos que seu rival.

Tom & Jerry: rivalidade histórica
Tom & Jerry: rivalidade histórica agora nas telonas

Uma das grandes diferenças, para quem é um pouco mais crescidinho, nesse resgate de Tom & Jerry é a trilha sonora. Se antes tínhamos aquela trilha orquestrada, quase um jazz onde os músicos duelavam até mais que os personagens centrais, agora o rap e o rythmn and blues é quem dão as cartas, mesclando sempre uma ou outra canção mais conhecida. A decisão traz um respiro para os novos tempos em que vivemos. Não há como reclamar.

Tom & Jerry Grace Chlöe Moretz
Depois da treta, é hora de deixar a rivalidade de lado!

O grande calcanhar de aquiles do filme é o arrastado terceiro arco, onde as resoluções parecem consumir muito tempo de tela, não causando um impacto tão positivo quanto o que foi visto até ali. Você pode se pegar olhando para os lados ou se mexendo na cadeira para saber o que falta para que o filme chegue ao seu final. E claro, no momento do clímax, isso acaba pesando contra.

No final das contas, a estreia de Tom & Jerry: O Filme, mesmo que em meio à pandemia, é um grande acerto. Ela diverte e faz bem a transição de gerações entre os papais (que cresceram assistindo) para os filhos, mostrando que existe potencial até mesmo em uma franquia tão empoeirada, mas sempre clássica e que ajudou a criar a rivalidade mais histórica entre animais (sejam domésticos ou não). Como já falei aqui, Tom & Jerry é sim uma vitória.

Veredito da Vigilia

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