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“tick, tick… BOOM!” é uma grande homenagem aos musicais

“tick, tick… BOOM!” é um dos melhores filmes originais da Netflix que você verá este ano. O musical de Lin-Manuel Miranda, o novo queridinho de Hollywood, traz não só uma história emocionante, mas carrega em si uma série de significados importantes para o mundo e a classe artística dos Estados Unidos. O filme é uma adaptação do musical autobiográfico de Jonathan Larson, um proeminente produtor da Broadway que infelizmente não conseguiu viver seu grandioso sucesso, porém deixou um legado incrível para o meio. Entre seus trabalhos mais marcantes está o musical “Rent”, que lotou os palcos da Broadway durante 12 anos, e também virou filme, em 2006. Jon, como o filme se refere a ele durante quase todo o tempo, ganhou três Tonys e um Pulitzer de Teatro, todos póstumos.

Para encarnar Jonathan Larson, Miranda escalou Andrew Garfield (O Espetacular Homem-Aranha, Uma Razão para Viver, Até o Último Homem). Em um grande trabalho, Garfield carrega grande parte do filme nas costas. Ele tem ao seu lado Alexandra Shipp (a Tempestade de X-Men: Fênix Negra), que vive a sua namorada Susan e Robin de Jesus, como o amigo Michael. Como coadjuvante, ainda temos Vanessa Hudgens (trilogia A Princesa e a Plebeia) como Karessa, emprestando seus talentos musicais de forma bem pontual. Todos parecem irretocáveis em seus papéis, com exceção de Robin, mas nada que vá lhe incomodar.

O maior mérito de “tick, tick… BOOM!”, que também é o nome de uma das peças de Larson, é conseguir emular e ser um musical sobre um jovem que está criando um musical. As obras originais do produtor, que faleceu aos 36 anos em função de uma disfunção na aorta, garantem um excelente material para Lin-Manuel Miranda conduzir todos os passos e arcos de seus personagens, garantindo um bom fluxo entre a narrativa tradicional do cinema e as partes musicadas. E muito provavelmente você vá procurar pelas músicas executadas durante o filme após a sessão. A maioria delas é realmente incrível. Muito provavelmente teremos “tick, tick… BOOM!” sendo lembrado nas principais premiações da temporada de final de 2021 e início de 2022. O potencial é enorme para várias categorias.

tick, tick…BOOM!: Andrew Garfield e Alexandra Shipp precisam lidar com suas prioridades

Ao mesmo tempo que conta uma história pessoal, o musical ainda consegue tempo para várias reflexões. Como ele se passa nos anos 90, temos um paralelo marcante entre o tempo que está se esgotando para Jonathan, que se cobra muito para que seu musical “Superbia” saia do papel e ganhe os palcos. A sua obsessão, no entanto, é quebrada pelo fato de que ele não está realmente aproveitando seu tempo com quem ele mais gosta (Susan, que acaba focando em outro tipo de atuação) e Michael, que se descobre com HIV positivo. Vale lembrar que nos anos 90, isso realmente fazia com que o ponteiro do relógio acelerasse seu contador regressivo. 

Os momentos menos interessantes do filme são as transições de cenários. Nessas ocasiões saímos de espaços físicos fechados de forma brusca para o que deveriam ser grandes áreas abertas, mas que, nitidamente, são apenas localizações criadas com fundo verde. Os efeitos especiais ficam devendo bastante se comparados com toda a competência musical imposta desde o início.

Andrew Garfield, o diretor Lin-Manuel Miranda e a diretora de fotografia Alice Brooks no set de filmagens

Mesmo assim, no final das contas, “tick, tick… BOOM!” entrega muito. Exibido em cinemas selecionados, é uma pena que ele não tenha sido feito quase que exclusivamente para grandes salas. O ganho com som de qualidade e uma tela maior devem garantir uma experiência muito mais imersiva e emocionante. Os vídeos feitos em VHS que se mesclam ao final (em em algumas partes do filme) funcionam muito bem, e dão uma ideia ainda mais potente de quem era e como era o talento de Jonathan Larson. Potência que pode até não garantir um final apoteótico como o de um musical, mas que emociona de uma forma um tanto singela.

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