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The Umbrella Academy: veredito da terceira temporada!

Depois de duas grandes temporadas, The Umbrella Academy retorna com o plot que já nos acostumamos: os heróis errantes (e órfãos) terão que evitar o apocalipse. Sim, pela terceira vez. E o que pode ser o grande charme da série, acabou sendo apenas uma repetição. Temos é claro, nossos grandes momentos, mas entre a temporada de estreia e a segunda, a terceira temporada de The Umbrella Academy realmente ficou devendo. Mas, calma lá. Se você é fã dos personagens dos quadrinhos de Gerard Way e Gabriel Bá, não há motivos para queixas. Está tudo novamente no lugar e se você já tem uma memória mais distante dos capítulos passados, a série vai funcionar perfeitamente.

https://youtu.be/uoaC6EXnMOM

Vale destacar inicialmente que tudo que caracteriza esses personagens e sua adaptação para as telinhas está impecável. Continuamos com as brigas incessantes de uma família de heróis que não consegue se acertar, diálogos interessantes, videoclipes com trilhas sonoras marcantes e seus desafios apocalípticos. O problema é que desta vez, tudo parece muito com uma figurinha repetida. E se perdemos o impacto da surpresa da primeira temporada e o capricho dos grandes planos sequências da segunda, realmente posso afirmar que faltou aquele “algo a mais”. Tanto na história quanto nas técnicas narrativas do audiovisual.

The Umbrella Academy e a história da terceira temporada

Como falei, temos o gostinho de prato repetido. Tal qual nos finais das últimas temporadas, voltamos com o grupo para uma nova linha do tempo. E nela, seguimos o mesmo objetivo das histórias anteriores: corrigir os estragos causados no universo como conhecemos e evitar o fim do mundo. A diferença é que agora Luther (Tom Hopper), Diego (David Castañeda), Allison (Emmy Raver-Lampman), Klaus (Robert Sheehan)  e Número Cinco (Aidan Gallagher), agora juntos de Lila (Rita Arya), precisam confrontar a Academia Sparrow. Basicamente um super-grupo como eles, mas, que, digamos assim, deu certo e é reconhecido pelo patriarca Reginald Hargreeves (Colm Feore). E claro, tudo isso vai despertar a ciumeira e o conflito com os Umbrellas, o grupo de heróis mais carente de atenção e mais mal-resolvido de todo o multiverso.

Elliot Page agora é Vyktor
The Umbrella Academy: Elliot Page agora é Viktor Hargreeves. Emmy Raver-Lampman entrega uma Allison muito mais amargurada

É claro, a treta inicial traz bons confrontos, algumas pirações e videoclipes, e resgata tramas estabelecidas na segunda temporada. A costura na verdade é bem interessante, trazendo evolução (quem diria não é mesmo?) em personagens como Vanya e Allison. Importante destacar aqui: assim como na vida real, onde Ellen Page fez a transição para Elliot Page, aqui na série também temos sua mudança de Vanya para Viktor. E tudo é feito de forma muito orgânica e respeitosa, trazendo um bom ponto de discussão para nossas vidas. Assim como seus irmãos passam a respeitá-lo pela escolha, tão logo vemos que uma simples opção pessoal não deveria afetar tanto seu entorno. Ponto para a série. Tão logo isso acontece, ninguém mais parece ter qualquer comportamento depreciativo à Elliot/Viktor, e assim deveria ser na nossa sociedade também.

Já Allison, assim como Vanya, que agora é Vyktor, sofre demais com a carga vivida durante a segunda temporada. Ela passa a ser um dos grandes centros das atenções, afinal, vamos vê-la agindo como nunca imaginamos antes. É funcional e completamente pertinente. Mais um ponto alto da trama. Outro aspecto plenamente positivo é a divisão de tela de cada personagem, não deixando ninguém para trás ou sem importância.

Mas depois…

The Umbrella Academy terceira temporada
The Umbrella Academy: Genesis Rodriguez é Sloane, Cazzie David é Jayme, Justin H. Min é Ben Hargreeves, Christopher Jake Epstein é Alphonso, Britne Oldford é Fei

Mas depois dos pontos altos, voltamos à mesmice que permeia a terceira temporada de The Umbrella Academy na Netflix. O fato de termos sempre o mesmo plot que é adaptado para diferentes épocas ou realidades parece cansar com o andar da carruagem. Afinal, já vimos tudo aquilo antes. E como destaquei, não temos o primor da direção que vários episódios tiveram na segunda temporada. E como agora temos como cenário somente um hotel (ou basicamente isso), até mesmo esse aspecto que normalmente traz um respiro para a saga foi perdido. 

É fácil entender o porquê de alguém não gostar da série a partir dessa premissa de “mesma história com diferentes ambientes”. Principalmente se você optar por maratonar. Temos 10 episódios que oscilam entre 40 e 50 minutos, e, é igualmente fácil perceber quando a história está apenas optando por nos encher com cenas que, apesar de bonitas e musicalmente orquestradas, não nos levam para um grande acréscimo na história.

Depois de consolidada e ter um certo apelo global, creio que chegou a hora de The Umbrella Academy tentar se reinventar, se é que isso é possível. Apesar de termos um elenco muito competente, figurino, efeitos sonoros e cenografias quase que impecáveis, a produção parece ter estacionado em uma zona de conforto. Para alguns, a figurinha repetida pode ser também esta zona de conforto, mas para outros, pode significar a perda de retenção e atenção para temporadas futuras. Afinal, com tantas séries e produções enchendo os catálogos dos canais de streaming, pra quê ver algo que já não está evoluindo? E já que estamos sempre falando de viagem no tempo em The Umbrella Academy, vamos ver o que o futuro nos aguarda…

Veredito da Vigilia

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