The Boys: segunda temporada foi um filler com bons momentos | Crítica
A segunda temporada de The Boys chegou ao fim deixando dois sentimentos. Por isso, vamos à nossa crítica! O primeiro deles é de que a série pode ser incrível quando ela quiser, entregando tudo que se espera nesse mundo onde os heróis agem como se fossem (triste realidade) … humanos! Humanos com todos os defeitos que a vida adulta nos apresenta: egoístas, egocêntricos, pessoas que não ligam para as outras e apenas pensam em seus jogos de poder. Como a própria Luz-Estrela/Starlight (Erin Moriarty) deixa claro em um diálogo com sua mãe antes de ser atacada pelo sagaz Black Noir. “Os mocinhos não vencem. Os bandidos não são punidos… E o que fazemos não significa nada. É tudo por dinheiro…” . Vou parar por aqui para não perder a fé na humanidade.
O outro sentimento é que a produção sabe (e deve) como ninguém enrolar o público por algumas boas temporadas. E essa última indicação vem do contexto de que a série hoje é um dos carros-chefes da Amazon Prime Video e deve durar pelo menos mais umas três temporadas. Além disso, temos a informação de que um spin-off já está em desenvolvimento. Trata-se de uma estratégia de espremer até o último caldo de The Boys, que vamos lembrar, é baseada nos quadrinhos de Garth Ennis e Darick Robertson, uma rica fonte.
Mas vamos à trama (e mais um pouco de estratégia da Amazon Prime Video). Nessa segunda temporada, tivemos episódios lançados semanalmente depois da estreia dos três primeiros capítulos. Mais uma vez, o estúdio de Jeff Bezos acertou, pois a série (como eu havia comentado aqui) voltou com tudo. Os três primeiros episódios foram certeiros, com um bom ritmo, a introdução da personagem Tempesta (Aya Cash) – que bateu de frente com o sempre irritante (no bom sentido) Capitão Pátria (Anthony Starr) – e resolvendo rapidamente o retorno de Billy Butcher (Karl Urban) ao grupo dos “Boys”.
Depois disso, a boa média dos episódios se manteve… até a chegada dos fatídicos episódios 5, 6 e 7, que derrubaram a nota geral da temporada, ficando um pouco abaixo da crítica. Nitidamente tivemos uma repetição de fórmulas com as tramas entregando uma boa cena no início, uma no meio e outra no fim, mas claramente arrastando a história para caminhos que pouco acrescentaram a tudo que aconteceu na season finale. Algumas das cenas mais fortes, normalmente envolvendo o Capitão Pátria e a Tempesta, acabaram exagerando até demais (mesmo para o padrão trash de The Boys), o que pareceu uma forçada de barra para preencher a história. Parecia que a narrativa se amparava somente em “vamos mostrar como somos violentos e sexualmente ativos” para causar impacto visual, quando sabemos que essas cenas não fazem sentido quando jogadas à exaustão. Alguns acontecimentos e aparições como a de Shawn Ashmore também não tiveram consequências maiores para além de ser uma participação especial do Homem de Gelo (de X-Men de Bryan Singer) atuando aqui como o “Homem de Fogo”, basicamente o Pyro, seu antagonista na franquia da Marvel. Uma piada interna. Um fan-service para o mundo nerd.
Aliás, o argumento da enrolação se reforça justamente pelo último capítulo, onde basicamente tudo aconteceu. Praticamente tudo. E claro, tudo isso fez com que a season finale fosse realmente a melhor parte da temporada. Temos um plot-twist importante (não vou entregar aqui) e a dissolução do grupo, as cenas que torcíamos para acontecer desde a introdução da Tempesta ao grupo dos Sete, a derrocada (parcial) de Capitão Pátria e uma trágica morte para Billy. Todos os acontecimentos foram importantes para que realmente tenhamos alguma novidade para a terceira temporada. Propositadamente vemos mais uma pequena batalha vencida pelos “mocinhos”, mas, como sabemos, a Vought ainda está comandada por Stan Edgar (Giancarlo Esposito) que ficou um pouco afastado da trama nessa temporada, mas que sabemos desde Breaking Bad (e agora com The Mandalorian) que ele é o vilão que toda série precisa.
Ao final de tudo, fica a impressão de que The Boys pode virar uma espécie de The Walking Dead da Amazon. Mas claro, isso, só o futuro dirá. O que nos resta é torcer para que a criatividade na adaptação dos quadrinhos continue, mas de preferência, sem grandes enrolações.