“Tenho orgulho de ter feito pornochanchada”, declara Vera Fischer em conversa sobre o cinema
Dona Helena de Maneco e ícone da pornochanchada, Vera Fischer foi a escolhida no ano de 2024 para receber o Troféu Cidade de Gramado no 52º Festival de Cinema de Gramado. “Estou muito honrada. Não imaginei que fosse ter festival este ano, fiquei muito surpresa com esse convite. Muito agradecida e muito comovida”, falou a atriz.
O festival acontecer em 2024, após as enchentes do Rio Grande do Sul, também comoveram Vera. “Fico tão feliz que vocês conseguiram manter esse festival. É um ato de resistência. É bonito ver esse festival acontecendo depois de tudo. É um festival muito importante”, afirma.
Assim como Matheus Nachtergaele, a premiada lembrou da importância da sétima arte. “O cinema traz um sopro de alegria, de vida, de superação. É um ato de fé que eu aplaudo. Fico muito honrada e muito orgulhosa de receber o prêmio neste ano tão especial, onde teve tanto sofrimento”, finaliza.
O cinema na vida de Vera Fischer
Surpreendendo os presentes, Vera comenta que nunca quis ser atriz. Gostaria de ser bailarina clássica ou arqueóloga após sua vitória como Miss. Contudo, a vida a chamou e ela atendeu esse chamado. “Tem coisas na vida que te chamam e você tem que dizer sim. No meu caso foi cinema”, declara.
Foi com o filme Intimidade que Vera começou a se sentir uma atriz. Após essa estreia, Vera entrou no mundo da pornochanchada. “Tenho muito orgulho de dizer que fiz pornochanchada. Acho que é um clássico fazer parte disso. Nunca me senti estigmatizada por isso. Foi uma lição ter feito isso para entrar nos cinemas mais profundos”, fala a atriz.
Seguindo nas polêmicas de sua carreira cinematográfica, Vera Fischer lembrou de Amor, Estranho Amor. Dirigido por Walter Hugo Khouri, o filme de 1982 foi muito criticado ao exibir uma cena envolvendo Xuxa Meneghel e um ator menor de idade. Xuxa conseguiu o veto na justiça dos anos 1980 até 2018, quando finalmente desistiu da ação. “Não acredito que foi a Xuxa meneghel que tirou de circulação. Imagino que tenha sido a produção dela por causa da imagem. Fiquei um pouco chateada, principalmente, por achar um filme lindo. É um filme bonito, atemporal. Que pode continuar sendo visto. Mas eu entendo que na estrutura da vida dela não fazia sentido”, comentou a atriz.
Apesar de afastada das novelas há anos, Vera Fischer conta que foi nesse período que ela aprendeu, por exemplo, a chorar em cena. Em sua carreira, ela considera que fazer uma Helena de Manoel Carlos em Laços de Família foi um dos pontos altos. Vera vê em Helena uma mulher forte, que fez o que pode para auxiliar os filhos.
E, falando em Laços de Família, sua Helena pedindo para cancelar todos os compromissos ou tendo Zilda (Thalma de Freitas) oferecendo um cafezinho, faz sucesso com os internautas. Sobre isso, ela comenta que acha peculiar e interessante. “É divertido e engraçado, gosto muito e até uso nas minhas redes”, se diverte Vera.
Próximos passos
Vera chegou aos 73 anos dedicando sua vida à arte e não pretende parar. Sua maior vontade é fazer um projeto, um filme ou uma série, contando sobre a sua vida.
Documental ou ficcional, a atriz acha importante que, inclusive, a produção audiovisual apresente todos as suas facetas. “Tem que ter droga, tem que ter os aspectos da minha vida”, aponta Vera, que conta ter mais dez histórias prontas que podem se tornar filmes ou livros, dependendo da produção.
Na noite de quarta-feira, dia 14 de agosto, Vera Fischer subiu ao palco e recebeu o Troféu Cidade de Gramado.