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Star Wars – A Ascensão Skywalker prova que o clímax veio em Os Últimos Jedi

A primeira impressão ao assistir Star Wars – A Ascensão Skywalker é de que produtores, diretor, roteiristas e Disney em geral optaram pela habitual zona de conforto. O desfecho da saga de mais de 40 anos e responsável por momentos grandiosos do cinema pop e por, assim dizer, ser uma das culpadas pelo mundo nerd ser o que é, foi no máximo morno. O medo das críticas e do que os fãs pudessem achar parece que falou mais alto. E tudo isso, fez com que o ápice da nova trilogia ficasse mesmo em Star Wars: Os Últimos Jedi, por mais polêmico que possa parecer. Faltou ousadia, faltou coragem, ou numa linguagem bem chula mesmo, faltou culhões para entregar algo que pudesse realmente ser uma trilogia diferente. Explico.

Ao cruzarmos personagens tão icônicos e queridos de Star Wars com os novos protagonistas, tivemos em O Despertar da Força uma espécie de fórmula repetida, que se ancorou na nostalgia para, digamos assim, passar o bastão para uma nova geração. O filme de 2015 conseguiu isso com louvor. Depois, era necessário se reinventar, e veio Os Últimos Jedi, em 2017. Com Rian Johnson, isso parecia ter acontecido, apesar de ressalvas, principalmente com alguns gracejos despropositais. Mas o longa conseguiu se sobressair exatamente por entregar algo novo, mais ousado, e mais fora da caixa. Agora, chegando em A Ascensão Skywalker, parece que tudo voltou a estaca inicial, e não por acaso, chamaram J.J. Abrams para “colocar os trem de volta aos trilhos”. Isso tudo me faz imaginar que o projeto da nova trilogia foi escrito e reescrito muitas vezes, sem a convicção de quem tem algo original ou importante para dizer, apesar das críticas. E talvez esse seja o legado nem tão agradável desta nova trilogia.

Rey, Finn e Poe Dameron entregam alguns dos melhores momentos do filme

Mas, vamos lá. Star Wars – A Ascensão Skywalker, por cravar âncoras na zona de conforto, está longe de ser um filme ruim. É apenas um filme óbvio demais. Mesmo quando o fã ou o espectador achar por um instante que foi surpreendido, mais do que depressa terá seu suspiro bloqueado, voltando a respirar tranquilo. E isso acontece em várias cenas. Algumas respostas que ficaram no ar nos dois primeiros filmes são finalmente respondidas, mas, novamente, por um roteiro que busca muito mais beber na trilogia original do que se desprender de certas amarras. O vilão e suas conexões familiares são um grande exemplo disso. Afinal, o trailer já entregava que, de alguma forma, Palpatine estaria envolvido no desfecho da saga. Acaba soando até mesmo preguiçoso montar esse quebra-cabeças.

Prontos para dar tchau?

De fatos positivos, temos Rey (Daisy Ridley) que mostra com a tecnologia atual do cinema o quão legal pode ser estar ao lado da Força e saber usá-la com toda virtuose a seu favor. As já esperadas homenagens à Carrie Fisher, nossa eterna princesa Leia, são certeiras, e até certo ponto, compreensíveis em função de sua morte precoce. Luke Skywalker (Mark Hamill) também retorna, da forma que já imaginávamos também. As lutas e confrontos estão todos bem pontuados, mas fica uma nova torcida de nariz pelo apelo exaustivo ao raio azul destruidor de tudo (quem acompanha os blockbusters vai entender a queixa). Temos ainda uma expressiva leva de novos personagens que acabam sendo inseridos muito mais por questões visuais e mercadológicas do que propriamente interessantes para o presente ou futuro da franquia. Os momentos envolventes, em que a trilha sonora nos cativa, também estão lá, e o desfecho, que sempre se espera grandioso, também acaba repetindo e homenageando o formato da trilogia clássica.

Basicamente, Star Wars – A Ascensão Skywalker é uma sessão de despedida. Mas uma despedida morna, sem lágrimas nos olhos ou mesmo um coro de vaias. É mais do mesmo, em um projeto que não acreditou em mudanças, apenas em se manter como sempre esteve. Na zona de conforto, do início ao fim.

Veredito da Vigilia

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