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Samantha!: a nostalgia galhofa oitentista | Crítica

A minissérie estilo sitcom Samantha!, nova produção brasileira e original da Netflix, estreia dia 6 de julho com toda a energia oitentista que a cultura pop adora resgatar. E no final das contas, sem qualquer preocupação com seriedades ou coisas do tipo, Samantha! entrega um bom produto de entretenimento, daquelas que servem para limpar o paladar entre séries mais pesadas e loucas (alou Westworld e Legion!), e de fácil consumo. Os capítulos são poucos (só sete) e os episódios curtos (não mais que meia hora cada um). Além disso, outra coisa para se comemorar é não ter episódios para arrastar a trama. Até porque a trama aqui é o que menos importa.

Prepare-se para ficar com a música tema da Turminha PlimPlom na cabeça

Samantha (ótima com Emanuelle Araújo) é uma ex-apresentadora mirim da televisão brasileira, onde junto com dois amiguinhos, fez fama no final dos anos 80. É uma mistura de Xuxa com Balão Mágico, e desde o início as referências à cultura pop da época “de ouro” da TV ficam implícitas. É quase que um Bingo – O Rei das Manhãs das séries de TV. A diferença é que não temos temas mais sombrios como no filme de Daniel Rezende. Mas nem por isso Samantha! pode ser considerada um programa para a “família brasileira”. Dentro da história temos assuntos que talvez os pais não gostariam de soltar para os baixinhos, assim de sopetão. E nem deveriam. E isso, é claro, deixa a produção mais interessante, não passando por uma série tão bobinha quanto aparenta.

Sabrina Nonato e Cauã Gonçalves com Douglas Silva e Emanuelle Araújo

A protagonista é casada com um ex-jogador de futebol famoso, o Dodói (Douglas Silva, de Cidade de Deus e Cidade dos Homens), e provavelmente só fez isso para se manter nos holofotes. Afinal, o casamento foi feito após a prisão do ídolo do Flamengo. Depois de anos preso, ele volta para casa, mesmo sem que a família tenha pedido. Aliás, completam a família as crianças e filhos do casal Sabrina Nonato e Cauã Gonçalves, que dão vida a Cindy e Brandon, colocando aquele tempero especial na função toda, graças às suas personalidades fortes. Cindy é a menina inteligente e feminista. Já Brandon é, igualmente inteligente, mas pouco afeito a esportes. A meta de sua vida é escrever sua autobiografia, mesmo que aos oito anos de idade.

O que move Samantha! entre um episódio e outro é basicamente a busca pela volta ao estrelato. E isso no Brasil por si só já nos remete a alguns nomes do showbizz e ao auge do estereótipo dos novos influenciadores digitais. É fazendo essa sátira pela busca da fama a qualquer custo, que vemos situações engraçadas e uma volta aos anos 80, com toda nostalgia que pode ser garantida. Seja com clipes, flashbacks de infância e tudo mais. Impossível não ficar com a música da Turminha PlimPlom na cabeça, com saudades do mascote de palco que abandona a série muito cedo, e com aquele sorriso no rosto com todas as referências e participações especiais. O fã clube da Gretchen que se multiplica graças ao “Meme Power” dela na internet que o diga. Outros que aparecem por lá são Luciana Vendramini (nada mais do que uma das primeiras paquitas, na época ainda chamadas de Xuxetes) e Daniel Furlan (se multiplicando nas produções audiovisuais após o sucesso na TV Quase e no Choque de Cultura). Os que são da época da Xuxa e do Balão Mágico vão lembrar das questões com os assistentes de palco e da possibilidade de tocar o disco da Rainha dos Baixinhos ao contrário.  

Entre os pontos fortes de Samantha! estão as referências diretas e os momentos em que o espectador se pergunta: “Nossa como deixaram isso acontecer na TV”. Bons (e loucos) tempos. Não por acaso um dos mascotes de Samantha! e da Turminha PlimPlom era não o Dengue e o Praga, mas o Cigarrinho. Sim. Lidem com isso. Por outro lado, Samantha! não é nada que se compare às grandes séries de humor que já tivemos no Brasil, como A Grande Família ou Os Normais. Vale pelas referências, pelo entretenimento rápido e pela simpatia das pautas e personagens. É bom, mas não é nada muito fora da curva.

Veredito da Vigilia

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