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Pasárgada é visualmente bonito, mas vazio

Dira Paes foi a grande estrela da quinta noite do 52º Festival de Cinema de Gramado. Acompanhada de Fafá de Belém, a ex-curadora do evento subiu ao palco para apresentar Pasárgada, sua estreia como diretora

Irene (Dira) é uma mulher em seus 50 anos que está em diversas crises. Apesar de encher a boca para falar que é uma cidadã do mundo, Irene sabe que esse passaporte para a liberdade faz com que ela deixe a desejar em outros aspectos. Como mãe, ela é ausente. A filha da protagonista é criada pela irmã, vivida por Cássia Kis.

Contudo, o foco do filme é a parte profissional. Irene faz parte de uma rede de tráfico internacional de pássaros. Usando o que aprendeu como pesquisadora, ela vai para o meio da Mata Atlântica e procura animais que, inclusive, são raramente vistos pelos locais. Com um chefe gringo a pressionando, Irene começa, então, a questionar o que está fazendo. O que mais incomoda nesse filme é que ela para apenas quando nota outro crime sendo cometido, como se ela não estivesse cometendo crimes ambientais. Como se numa escala criminal, o crime que ela estava cometendo era menor ou tinha menos importância que o outro.

O maior problema de Pasárgada é que tudo é muito vazio. Apesar de estarmos nas profundezas da mata, não temos complexidade em nada. Os diálogos são rasos, os personagens não demonstram suas nuances para podermos entender quem eles são. A falta de profundidade incomoda.

Belas imagens. E aí?

Pasárgada poderia ser um filme de contemplação. As imagens da Mata Atlântica, dos passarinhos, casados com a trilha sonora são realmente cinematográficos. O barulho de chuva, combinado com o piado dos pássaros, nos leva para uma atmosfera diferente. Somos transportados para um universo completamente diferente que não é sustentado por uma história.

Filmes de exploração animal na Amazônia ou em outras florestas parecem se repetir. O gringo malvado que rouba para vender para milionários excêntricos. Isso já sabemos. Já vimos em Tainá e em Rio, inclusive. A pauta é inegavelmente importante, mas precisa ser tratada com mais criatividade pelos criadores. Nada de novo ou memorável foi posto por Pasárgada.

O longa se estende por 90 minutos que custam a passar. Não existe ritmo que sustente uma falta de roteiro.

Veredito da Vigilia

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