Parasyte – A Filosofia em forma de anime | Crítica

Uma grata surpresa que estreou em maio na Netflix foi o anime Parasyte: the Maxim. Com apenas uma temporada, a série de 2014 é baseada no mangá Kiseijuu (bestas parasitárias em Japonês) escrito e ilustrado por Hitoshi Iwaaki. A obra possui dez volumes e foi publicada entre 1988 e 1989. Também temos um live-action dividido em duas partes, que foi exibido no Japão em 2014 e 2015.

Com apenas 24 episódios, o anime é voltado para o público adulto, no maior estilo Death Note (e vamos fazer algumas comparações entre os dois mais para frente), já que temos muitas cenas gore e temas complexos abordados de maneira filosófica, principalmente analisando o que é ser humano e como nós cuidamos do planeta onde habitamos. 

Arrancar um coração – indiferente de seu tamanho – nunca é fácil

Mesmo assim, Parasyte não é um anime entediante ou denso demais de acompanhar. Pelo contrário. É dinâmico e sabe dosar muito bem a montanha russa que o nosso protagonista começa a viver após um “parasita” entrar em sua vida. 

Na história, temos o colegial Shinichi Izumi. Um rapaz tímido, que tem um bom relacionamento com os pais e possui poucos amigos. Sua vida muda quando um onda de assassinatos começa a ocorrer nas redondezas, os tais “crimes da carne-moída”. Logo nosso protagonista descobre que os causadores dessas atrocidades são parasitas, que estão assumindo os corpos de seus hospedeiros e se alimentando como canibais (se o parasita possui um cão, ele come cães e com humanos ou outra espécie da mesma forma).

Shinichi e o seu crush, Satomi Murano

Certo dia, Shinichi também é infectado por um desses parasitas, mas consegue impedir que a criatura possua o seu cérebro, ficando alojado em seu braço direito. Com isso, nasce uma parceria entre o garoto e Migi, nome pelo qual ele chama o tal parasita.  

Com vocês: Migi, a mão parasita

É interessante pensar a ideia do autor do mangá, Hitoshi Iwaaki, em colocar parasitas como elementos para essa história, já que essas formas de vida são nada mais, nada menos, do que seres que procuram se instaurar em algum organismo para obter alguma coisa em troca, mas muitas vezes causando-lhe algum dano. Shinichi e Migi são a exceção no anime, já que conseguem extrair o que cada um tem de melhor, mudando até mesmo física e mentalmente a personalidade do adolescente. Porém, ao longo do tempo, Shinichi começa a se comportar como um parasita, pensando mais na questão de apenas sobreviver, deixando de lado sentimentos – que só os humanos podem sentir – o que acaba interferindo em seus relacionamentos pessoais. Mas o que aconteceria se ocorresse o inverso?

Shinichi ganha uma aparência diferente ao se integrar ainda mais com seu parasita

No anime também temos essa ação reversa, porém, com outro personagem. Esse acontecimento demonstra o quanto ser humano é complexo e de como sentir algo por alguém é importante.  

Ao contrário dessa cabeça, Parasyte é um anime cheio de conteúdo

Como falamos anteriormente, as comparações com Death Note surgem automaticamente em Parasyte. Principalmente quando o protagonista começa a lutar com outros vilões e a polícia entra na história, tornando Shinichi um dos principais suspeitos, bem como Light na trama do caderno preto do Shinigami Ryuk. É nessa parte da trama que a ação fica mais com os investigadores e nosso herói luta menos do que nos primeiros episódios, nos quais tínhamos quase que uma ameaça diferente por capítulo. Claro, também temos a famosa jornada do herói, que deixa o astro do anime incapacitado durante um tempo, para encontrar o velho sábio (no caso, velha), lutar novamente contra o verdadeiro e mais poderoso inimigo e recuperar os seus poderes de maneira épica.  

Os vilões são de meter medo em Parasyte

No final de tudo, temos ainda espaço para um capítulo totalmente filosófico (o anime já havia deixado essa pista), mostrando que, mesmo que o nosso planeta seja alvo de criaturas com poderes além de nossa compreensão, ainda sim, os piores vilões sempre serão os próprios seres humanos. Somos nós que matamos mesmo sem necessidade de sobrevivência. Somos nós que poluímos a natureza. Somos nós que sentimos prazer pela desgraça alheia. Somos nós os vilões. Porém, também somos os mocinhos.

Veredito da Vigilia

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