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O Urso do Pó Branco, a comédia trash mais sincera do ano

Saudades de uma comédia trash com altas doses (?) de um senso de humor um pouco menos convencional? Pois O Urso do Pó Branco (Cocaine Bear) está chegando para suprir essa lacuna, e desde o título, não engana ninguém. O longa dirigido pela sagaz Elizabeth Banks (As Panteras) é uma viagem divertida, non sense e um tanto quanto sangrenta. E o que deu o estopim para essa nova história ficcional, é, veja só, a vida real. A vida imita a arte, mas o oposto é ainda mais frequente. Inspirada na história da queda de um avião que traficava cocaína em 1985 nas proximidades de uma floresta na Geórgia, a diretora reuniu os amigos, entre eles o ótimo Ray Liotta, falecido em maio de 2022, para se divertir. E o resultado, se você se deixar entrar na viagem, é um tanto quanto satisfatório durante, veja só que milagre, uma hora e 35 minutos. 

Quem conhece um pouco da carreira de Elizabeth Banks sabe que ela tem lastro para obras como O Urso do Pó Branco. Ela encara comédias pouco convencionais e é fã de produções mais “lado B”. E agora ela mostra essa veia também na direção. Embora pareça um tanto quanto ridícula a premissa do filme (e com certeza é), o mérito todo está em não se levar a sério. A partir da queda do avião e da morte do traficante Andrew Thornton (numa ponta de Matthew Rhys), único personagem que realmente existiu na vida real do filme, vários e vários sacos de cocaína acabam espalhados na floresta. Em pouco tempo de tela já temos o que precisamos para o resto do filme: um urso negro completamente agressivo (às vezes não) e chapado pela droga topando de frente com humanos que estão em um parque floresta pelos mais diversos motivos. A escolha pela comédia trash é boa, mas cuidado se você for sensível a alguma dose de sangue e ossos quebrados. Ah e vísceras!

Elizabeth Banks de Teri Russell no set de filmagens de O Urso do Pó Branco
Hora da diversão: Keri Russell e Elizabeth Banks durante as gravações

A partir daí temos um desfile de nomes conhecidos elevando a comédia. Keri Russell (The Americans) como Sari, uma enfermeira que busca a filha Dee Dee (Brooklyn Prince, de O Projeto Flórida) e o amigo Henry (Christian Convery, o nosso querido Sweet Tooth) que matam aula e vão direto pras garras do bichão. Uma gangue de adolescentes estranha que ronda o parque, e traficantes aleatórios  – com os ótimos O’Shea Jackson Jr, Alden Ehrenreich (Solo) e Ray Liotta – que querem reencontrar parte do prejuízo perdido. Completam a encrenca toda a guarda florestal Liz (Margot Martindale), Jesse Tyler Ferguson (Modern Family), Isiah Whitlock Jr. e Kristofer Hivju, o nosso Tormund, de Game of Thrones

Ray Liotta em um de seus últimos filmes
Ray Liotta entregou um vilão na medida em um de seus últimos trabalhos

É importante comentar também que O Urso do Pó Branco tem como produtores os vencedores do Oscar® Phil Lord e Christopher Miller (de Homem-Aranha no Aranhaverso e outra pá de comédias divertidas). Ou seja, Banks se cercou muito bem nessa comédia de predador contra um dos mais excêntricos grupos de pessoas que podemos imaginar. Com um ritmo bem frenético, o longa é um daqueles respiros na onda de blockbusters que querem se vender grandes épicos com quase três horas de duração. Aliás, a diretora já viveu algo muito parecido, com as devidas diferenças, em Brightburn – O Filho das Trevas (que invariavelmente eu recomendo por aqui). 

O Urso do Pó Branco
Margot Martindale e Jesse Tyler Ferguson em uma imagem que fala mais do que mil palavras

Sem grandes mistérios, O Urso do Pó Branco, tal qual o alucinógeno que faz referência, tem efeito rápido, entregando bons momentos de diversão, descompromisso e, claro, um urso descontrolado tentando defender seus filhotes, costurados a grandes confusões as quais seus personagens enfrentam, quase nunca baseados em algo muito inteligente. Quer mais motivos pra assistir? Ah, tudo isso acontece nos anos 80, então, a trilha sonora também é um ponto forte. Obrigado Elizabeth Banks.

O longa estreia dia 30 de março no Brasil.

Veredito da Vigilia

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