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Noites Alienígenas dá espaço para nova geração

Quando li o nome de Chico Diaz (Homem Onça, O Hóspede Americano) listado no elenco do filme, já esperava uma grande obra com uma grande interpretação. Sabemos da grandiosidade de Chico Diaz e do seu talento, que costuma roubar a cena. Mas em Noites Alienígenas, vemos a sua generosidade de dar espaço à uma nova geração que promete. No terceiro dia do 50º Festival de Cinema de Gramado, o longa da Mostra Competitiva Brasileira veio do Acre.

Do diretor Sérgio de Carvalho, Noites Alienígenas mostra uma realidade em que a cultura e a tradição indígena se encontram com a juventude periférica. A luta contra às drogas, as facções, as dívidas e as iniciações dos jovens mostra a periferia da Amazônia urbana.

Assistindo ao longa, somos apresentados a uma realidade que eu, particularmente, não conhecia. A fronteira entre a cidade e a floresta, entre a juventude e as tradições, entre o poder da cultura e a sedução das drogas.

O trabalho de Sérgio de Carvalho acerta quando apresenta uma Amazônia fora das nossas imaginações, uma periferia que se mistura com a floresta, uma realidade que mistura com imaginação e os ritos que se misturam com as novidades do século XXI. Ele nos apresenta o Acre e a Amazônia conforme as vivências e longe dos clichês. Mostra as dificuldades da região e os dilemas dos jovens, principalmente dos indígenas.

Gleici Damasceno vai muito bem em seu papel de Noites Alienígenas
Gleici Damasceno vai muito bem em seu papel de Noites Alienígenas

Mostrando o rap como forma de resistência, Noites Alienígenas lembra que todo jovem tem sonhos, tem vontades, tem criatividade, quer namorar, conversar, criar, brincar, cantar, mas que o meio onde vive vai colocando empecilhos, um a um, em todas essas necessidades da adolescência e do início da idade adulta.

Gleici Damasceno é um dos grandes destaques do filme. Esqueça a ex-BBB e aprecie uma ótima atuação. Sandra, sua personagem, é uma jovem que precisa dar conta da sua casa, do seu filho, do seu trabalho e ainda tenta se divertir. Ela sonha em ter uma vida melhor, dar um futuro a Paulinho, que tem e sair daquela realidade. Mas suas relações são um passivo que ela precisa lidar no meio da rotina corrida e dos estudos.

Paulo (Adanilo) é o pai do filho de Sandra, é usuário de drogas e está com a sua vida em risco. Do outro lado está Rivelino (Gabriel Knoxx), o aprendiz de Alê (Chico Diaz), que tem interesse por Sandra, mas que também está procurando seu lugar no mundo. Enquanto um é usuário, o outro trabalha na boca. E o destino deles se encontra.

Porém, Noites Alienígenas é o que podemos considerar de filme de Festival. Seu ritmo latino é de construção, apresentação. Nada acontece de forma acelerada. É como se acompanhássemos o dia a dia de uma comunidade. O que torna a obra ainda mais interessante.

Noites Alienígenas fala sobre resistência, sobre juventude, sobre cultura e conta com ótimas atuações.

Veredito da Vigilia

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