Mulheres Alteradas | Crítica
Comédia brasileira “Mulheres Alteradas” é protagonizada por Deborah Secco, Alessandra Negrini, Monica Iozzi e Maria Casadevall e traz risadas sem compromisso
Mulheres Alteradas é a nova comédia nacional que chega aos cinemas. O título do filme, dirigido por Luis Pinheiro (também à frente de alguns episódios da nova comédia brasileira da Netflix, Samantha!), já implica o que logo nos é revelado: cada uma das quatro personagens principais enfrenta um tipo de crise.
Marinati (Alessandra Negrini) é uma advogada bem-sucedida, com uma grande oportunidade profissional para alavancar ainda mais a sua carreira. A personagem de Alessandra diz não permitir se apaixonar, devido a experiências traumáticas do passado e, portanto, vive casos de uma noite só e passa adiante qualquer sinal de carinho romântico. Tudo muda em uma noite, em uma festa, quando conhece Christian (Daniel Boaventura).
Já Keka (Deborah Secco) é assistente de Marinati no escritório de advocacia e, em casa, vive problemas conjugais. Pais de gêmeos, Keka e seu marido, Dudu (Sérgio Guizé), não se divertem, não transam e não vivem um tempo a sós de qualidade em anos. Muito disso se deve ao fato de que Dudu nunca para de reclamar, não facilitando as tentativas de Keka de reerguer o casamento dos dois.
Em outro núcleo, temos Sônia (Monica Iozzi) e Leandra (Maria Casadevall). Sônia é mãe integral de dois filhos pequenos e representa aquela mãe exausta, descabelada, mas também completamente apaixonada pelos filhos. Com o marido sempre viajando a trabalho, Sônia não sabe mais o que é ter um tempo para si. Já Leandra, irmã mais nova de Sônia, vive na balada todos os dias. Chegando aos 30, um encontro com um ex-namorado é o catalisador para uma crise existencial, que leva a personagem a avaliar seu lifestyle e pensar sobre o futuro.
Mesmo com as histórias das quatro personagens se cruzando vez que outra, os dois núcleos ficam claramente separados: as colegas de trabalho e as duas irmãs. Enquanto Marinati e Keka precisam correr para ganhar a conta da sua nova cliente rica e também lidar com seus problemas românticos, Sônia e Leandra bolam uma maneira divertida de lidar com suas crises: invertendo os papéis.
O tempo em tela não é igualmente dividido. O núcleo das personagens de Iozzi e Casadevall ganha menos destaque do que as colegas de elenco, grandes estrelas globais, mesmo tendo jornadas muito mais interessantes e atuações mais convincentes.
No outro lado, Negrini traz uma personagem de início focada, profissional e um tanto severa, considerando o quanto fez seus assistentes e colegas trabalharem para obterem sucesso com a nova cliente da empresa. Uma vez apaixonada, Marinati vira outra pessoa, pondo em risco tudo pelo que tanto almejou. Por mais comum que seja apaixonar-se pela “pessoa errada”, é agoniante assistir mais uma personagem feminina ir por esse caminho com um homem que não lhe dá valor e a usa para obter o que deseja.
A jornada de Keka também é complicada. Buscando solucionar seus problemas conjugais, a personagem de Deborah Secco planeja uma viagem a dois para o nordeste que não poderia ser mais desastrosa. Se a intenção era fazer com que o público odeie o marido Dudu, então podemos considerar missão cumprida.
Apesar de nos mostrar alguns estereótipos um tanto batidos e outras situações um tanto exageradas, Mulheres Alteradas tira boas risadas e possibilita algumas reflexões, justamente por abordar algumas circunstâncias comuns da vida. A personagem de Maria Casadevall, por exemplo, em sua crise, pensa em ter filhos e tal ideia varia de acordo com o que vai vivendo a partir do desafio com a irmã. A questão da maternidade na vida da mulher ainda é algo que muito necessita ser debatido na sociedade e a personagem Sônia também traz isso à tona, considerando que sua vida é exclusivamente focada nos filhos.
Em um âmbito geral, Mulheres Alteradas começa propondo uma comédia nacional incrível focada em mulheres, perde um pouco o rumo durante a sua execução e termina de forma satisfatória.