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Moxie: Quando as Garotas vão à luta, o mundo melhora!

Prontos para um filme colorido, com uma trilha sonora marcante e, o principal, cheio de girlpower? Pois essa é a essência de Moxie: Quando as Garotas vão à Luta, que estreia no dia 3 de março no catálogo da Netflix. Dirigido por Amy Poehler (Saturday Night Live, Parks and Recreations) e baseado no romance de Jennifer Mathieu, Moxie tem tudo para marcar época na nova geração, reunindo uma trama dinâmica, revolucionária e com todos os ingredientes que um filme de High School pode entregar. O mais legal? É um filme High School com pautas atuais de comportamento, mas acima de tudo, colocando o feminismo e o protagonismo feminino no foco principal de uma forma otimista e pouco vista hoje em dia. Para muitas, talvez o grito preso na garganta e que finalmente será ouvido.

Tudo começa quando a regrada e reservada Vivian (Hadley Robinson, de Adoráveis Mulheres) começa a perceber comportamentos duvidosos (para dizer o mínimo) em sua volta, principalmente a do “bom moço” Mitchell Wilson (Patrick Schwarzenegger, isso mesmo, o filho do Arnold!) para com a novata do colégio Lucy (Alycia Pascual-Peña). E o fato de determinados professores e da própria escola taparem os olhos para isso passa a ser um paradigma a ser mudado. Afinal, se você não faz nada para acabar com um problema, você faz parte dele. Basicamente uma metáfora do comportamento do sistema patriarcal da sociedade. Quando você responde alguma questão entre Homem e Mulher simplesmente com o “porque sim”, é sinal que você está enquadrado nele, e provavelmente você está equivocado. Nesse aspecto, Moxie não é só um filme voltado para as meninas e mulheres, mas quase um guia do “você está fazendo isso errado” para o sexo oposto.

Com tudo isso, Moxie chega com uma carga importante e mensagem clara, embora possa ter alguns deslizes ao tentar emplacar a diversidade. Isso porque mesmo levantando tantas bandeiras, é na menina branca, loira e hétero que vemos a liderança para questionar a tudo e a todos. Será que não estamos na hora de mudar esse clichê, já que a ideia é justamente abordar todos esses temas? É um questionamento a se fazer e não haveria qualquer problema em concretizar essa ruptura. Mesmo assim, isso não tira o brilho de Moxie. 

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Moxie: Lauren Tsai é Claudia e Hadley Robinson é Vivian. Cr. Colleen Hayes/NETFLIX

Moxie é a palavra escolhida pela diretora para dizer que a escola e seus alunos têm bravura e coragem. O termo zoado por Vivan acaba sendo o título para um fanzine (obs.: se você nasceu nos anos 2000 e não está familiarizado, fanzine, ou só zine, é uma espécie de jornal, feito de forma manual, com xerox, de forma barata, e normalmente focado em uma temática cultural ou contracultural. Agora, se você não sabe o que é xerox, dá um Google que o titio Robson não vai quebrar essa). O fato do filme resgatar o zine e causar a revolução dentro do colégio é um charme que joga a seu favor, mesmo em um mundo digitalizado. Da mesma forma como trazer ícones do punk rock feminista como Bikini Kill e até da brasileira Cansei de Ser Sexy para o set list (que é para ouvir no volume 10).

Em meio a uma revolução que começa aos poucos, Vivian percebe que o movimento cultural criado tem consequências, algumas muito positivas, outras nem tanto. E é nos momentos mais empolgantes que precisamos saber também olhar para todos os lados, e que toda rebeldia precisa ser assumida. As clássicas lições que uma nova heroína dos filmes pop precisa passar. São nesses momentos também que percebemos que nossos erros podem prejudicar aqueles, ou melhor, AQUELAS, que mais gostamos.

Patrick Schwarzenegger é Mitchell, o escroto da vez, Marcia Gay Harden é a diretora (omissa) Shelly e Sydney Park é Kiera. Cr Colleen Hayes/Netflix

Em todo seu caldeirão de temperos, Moxie: Quando as Garotas vão à luta parece ser um filme perfeito para muitos adolescentes que não tem voz, ou que acreditam que não tem voz ativa em seus núcleos familiares, escolares ou extra-curriculares. É o tipo de filme que empolga e inspira, mostrando que a rebeldia precisa existir. Tudo para quebrar paradigmas, manter a contracultura em alta e dar bons recados para meninos, meninas, homens e mulheres.

Vale muito a pipoca!

Veredito da Vigilia

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