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Megalo Box | Crítica

Não é somente em Homem de Ferro 3 (polêmica) que nos indagamos se o homem faz a máquina ou a máquina faz o homem.  Em Megalo Box, novo anime que adentrou no catálogo da Netflix em março, somos apresentados a uma realidade em que boxeadores do mundo todo utilizam exoesqueletos para melhorarem o seu desempenho dentro dos ringues. Não existem mais lutas sem os gears, os tais exoesqueletos, fazendo com que o lutador que possuir a melhor tecnologia, logicamente seja invencível. Mas será?

Joe já deve ter perdido as contas de quantas vezes já escutou a contagem dos dez segundos enquanto estava caído na lona.

Na trama, temos mundos muito bem divididos, com as grandes lutas envolvendo o Megalo Box, cercadas de glamour, fama e dinheiro, como vemos hoje em dia com o boxe, esporte que paga tão bem seus atletas quanto a um jogador de futebol. Do outro, um submundo, com pessoas a margem da sociedade, duelando em arenas clandestinas, de lutas arranjadas e as figuras mais trambiqueiras envolvidas, ganhando dinheiro por meio do ramo de apostas. É nesse cenário que somos apresentados ao nosso protagonista, Junk Dog, que “trabalha” para um treinador fajuto (Nambu), que arranja lutas para que o boxeador perca e assim os dois faturarem uma graninha.

Depois de Junk Dog conhecer por um acaso o boxeador Yuri e a sua “chefa/dona” Yukiko Shirato, o rapaz encontra um novo motivo para viver e deseja participar do torneio intitulado Megalonia. No tal torneio, apenas os melhores lutadores ranqueados podem participar. Até aí, não é um grande problema para Dog, já que ele manja das “pancadarias”. Porém, ele é um Zé Ninguém, literalmente. Ele nem sequer possui Identidade (O RG mesmo) então não é considerado um cidadão. Uma vez estabelecida a rivalidade entre os dois, ficamos ansiosos por ver uma luta oficial com esses competidores e como Junk Dog conseguirá entrar no Megalonia.

Yuri é o atual campeão do Megalonia e possui o ‘gear’ mais avançado do anime.

Megalo Box – que foi criado em 2018 para homenagear os 50 anos da obra Ashita no Joe, famoso mangá de boxe no Japão – é um anime cheio de reviravoltas, que não se baseiam apenas nas lutas que fazem parte da jornada do agora Joe (Junk Dog conseguiu uma identidade e escolheu esse nome) em busca de um melhor ranqueamento para subir ao Megalonia. Não. Os plot-twists vão muito além disso, mostrando que ser bom ou mau, justo ou injusto, sincero ou mentiroso depende das ambições que cada um tem na trama. Nada é assim tão fácil. As camadas desses personagens são o que tornam a história de Megalo Box tão rica e nos cativa a cada capítulo. Um ponto que vale a pena ser destacado é que as lutas tem peso para os personagens. Após cada combate, estão lá os hematomas, curativos, dores… tudo o que por vezes é esquecido até mesmo em séries grandiosas, não só de animes, mas de live-action também.

A equipe Sem Endereço reunida.

Mesmo se você não goste de animes, basta estar familiarizado com os termos do boxe ou até mesmo ser fã da franquia Rocky ou Creed, para apreciar esta ótima história. Por mais que tenhamos os clichês de vários enredos de superação dentro de alguma competição (personagem contrariando as estatísticas ao derrotar adversários mais fortes do que ele; protagonista esconde um segredo que coloca sua meta em cheque em determinado momento na trama; sacrifícios de coadjuvantes; etc…), Megalo Box nos prende pelas suas peculiaridades. Seja no traço, por vezes rabiscado, ou até mesmo pela crítica social, retratada pelo contraste nos cenários ou nos raps que de vez em quando aparecem nos episódios. Ou ainda pelos personagens que pensamos não serem importantes, e que estão ali só para compor o elenco (ledo engano), ou ainda as estratégias para vencer cada luta. Felizmente, esse anime é digno de figurar entre as melhores produções da Netflix.

Veredito da Vigilia


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