Manhãs de Setembro: segunda temporada amadurece e aprofunda

Existem séries feitas para emocionar. Sensibilidade, temas latentes, família e, principalmente, amor. Manhãs de Setembro, do Prime Video tem todas essas características e, em sua segunda temporada, consegue nos levar a um mergulho mais profundo e maduro da jornada de Cassandra (Liniker).

Se na primeira temporada vimos Cassandra descobrindo a vida sozinha enquanto um filho de dez anos aparecia na sua porta, desta vez vemos que dez anos antes, outro momento marcou sua vida. Foi a última vez que ela havia visto o pai, vivido por Seu Jorge. Um pai que insistia em a chamar de Clóvis e que a criou sozinho, em uma cidade do interior do Paraná.

Uma década se passa e Cassandra precisa recorrer a ele. Agora casado com a personagem de Samantha Schmutz, que está totalmente diferente do que conhecemos, o pai de Cassandra tenta uma reaproximação. E é nesse momento que nos entregamos as relações e as atuações brilhantes de Seu Jorge, Liniker e de Gustavo Coelho, que vive Gersinho, o filho de Cassandra.

O dueto entre Liniker e Seu Jorge foi um dos momentos em que desejamos agradecer o audiovisual por existir em nossas vidas. É arte no seu sentido mais puro. Dificilmente, você não vai se arrepiar assistindo.

Manhãs de Setembro acerta ao mostrar como a músicas e os músicos dialogam com as pessoas. Como é importante a música no nosso dia a dia. Afinal, as músicas embalam os piores e os melhores momentos. As coisas boas e ruins. O choro e a gargalhada. Música faz parte da vida.

Contudo, é outro o grande acerto de Manhãs de Setembro. É a forma em que a série aborda vidas que não são comumente colocadas em telas de televisão como poesia. São vidas que são marginalizadas. Quando são reportagens, só mostram o pior. Quando é audiovisual, geralmente a população vira caricatura. Mas na série do Prime Vídeo isso não acontece. É a vida. O dia a dia. A rotina de levantar, passar perrengue, ir trabalhar, tentar fechar o aluguel no fim do mês. O trabalho precarizado, a falta de segurança financeira, as dificuldades de criar uma criança. Tudo está ali, na tela, nos mostrando que todas as vidas são passíveis de virarem personagens. Toda pessoa tem uma história para contar.

Claro que nem todo mundo é Cassandra. A personagem de Liniker é complexa. É profunda. Tem muitas camadas. Ela precisa se entender, se aceitar, aceitar aquela criança que apareceu em sua vida, aceitar o passado, lidar com a volta do pai, com a rejeição da mãe, com a possibilidade de ter uma nova família. E com o sonho de cantar. E será que vale a pena continuar cantando? Vanusa que não nos leia. Cassandra está mais certa do que quer, apresenta maturidade e está cada vez mais se abrindo para o novo. É emocionante acompanhar essa transformação.

Quem amadureceu muito também foi Leide (Karine Telles), a mãe de Gersinho, que resolveu, como ela mesmo fala “tomar jeito na vida”. Finalmente. A personagem, que na primeira temporada chegava a irritar de tantas gambiarras que tentava fazer, agora entende seu lugar no mundo, ou parece entender o rumo que quer trilhar.

Manhãs de Setembro, além de Liniker e Seu Jorge, tem outros nomes marcantes da música em seu elenco. Paulo Miklos, por exemplo, é indispensável para a série. Ney Matogrosso, Linn da Quebrada e Mart’nália fazem ótimas participações especiais.

Todavia, o grande gancho está nos minutos finais e na aparição da maravilhosa Elisa Lucinda. Esperamos que a série ganhe mais e mais temporadas porque o Brasil e o mundo merecem ver Manhãs de Setembro, se emocionar com as histórias e escutar sua bela trilha sonora.