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Longlegs: Vínculo Mortal, o filme que quer ser o terror do ano

Entra mês e sai mês, os “habitantes” do falecido Twitter, agora X, levantam a bola de um novo filme de terror que vai ser “o melhor terror dos últimos anos”. É nesse nível que Longlegs (Longlegs) – que ganhou o subtítulo de “Vínculo Mortal” – estreia aqui no Brasil. No entanto, é o que a gente sempre fala por aqui, quanto maior a expectativa, maior a queda. Longlegs: Vínculo Mortal entra na esteira do hype dos neo-amantes de terror e cinéfilos, com o combo de colocar o “todo-poderoso” vencedor do Oscar Nicolas Cage como um dos vilões do longa. O mistério envolvendo a trama também se construiu na jogada de não vazar nenhuma foto de Cage no longa (até então) e caprichar nos teasers e trailers, que chegam a listar críticas de sites gringos que alçam o longa como “o melhor filme de serial killer desde O Silêncio dos Inocentes”. E esse contexto todo deixa a experiência um tanto quanto problemática.

O filme dirigido por Oz Perkins (fato curioso, fez uma ponta em Legalmente Loira) chega aos cinemas de todo o Brasil em 29 de agosto, mas já possui sessões antecipadas em algumas redes. E para quem acompanha a carreira de Cage nos últimos anos sabe bem o que vai encontrar. Um filme um pouco mais fora da caixa e com uma pegada mais perturbadora. Fosse só por isso, seria um grande ponto a favor. Porém, o marketing do longa, ao querer forçar a barra, acaba derrapando. O filme tem sim seus méritos, tem boas cenas e boas interpretações, mas está longe de ser um grande divisor de águas como quer se vender. A impressão é que se passou a pensar muito mais nas peças de divulgação do que propriamente a experiência que ele pode entregar.

Pós-terror?

Na trama, que mistura climas que ficaram conhecidos nos últimos anos como pós-terror (Hereditário, Ao Cair da Noite) que procura ser desconcertante, apostando no estranhamento desde suas primeiras cenas, acompanhamos a história da agente do FBI Lee Harker (Maika Monroe, do ótimo Corrente do Mal, e do péssimo Independence Day: O Ressurgimento) que passa a investigar um serial killer que vem durante décadas devastando famílias inteiras. Seu grande diferencial é não deixar pistas. Isso até que a talentosa agente usa seus dons para encaixar as peças no tabuleiro. Obviamente isso não ocorre de uma hora para outra, e acompanhar a primeira etapa do filme é divertido e instigante. Perkins se utiliza de um recurso temporal interessante e nos joga na cara as épocas simplesmente mostrando o clássico quadro do presidente dos Estados Unidos na parede dos escritórios policiais. Também separa o filme em capítulos, formando uma rede de crimes e reviravoltas que aos poucos vão brincando com o sobrenatural. Algumas pontas curtíssimas também acabam dando um charme em cenas fortes. Mas a brincadeira maior sempre gira em torno da revelação do vilão principal, com Nicolas Cage transformado visualmente.

As peças de marketing abusam um pouco e lançam o filme a um patamar que não é real

O acréscimo de Longlegs (Nicolas Cage) aos poucos é bem usado, porém, algumas atitudes da agente do FBI ficam devendo um pouco. Apesar de carregar bem a trama, Maika Monroe acaba sobrecarregada na tela, com um amargor e traumas que nos levam a pensar que provavelmente tangenciam algum grau do espectro autista. Apesar de fazer muito sentido à sua personagem, fica um pouco cansativo. Longlegs não nos priva de cenas bem fortes. Porém, quando tenta entrar num aspecto mais sobrenatural, acaba perdendo força. Ele acaba ficando num meio termo entre um bom filme policial de serial killer e um pastiche aleatório de terror satanista. Mira em um filme mais experimental, mas não se agarra totalmente na proposta, deixando em seu final um toque de “muito barulho por nada”, ainda que a jornada seja um tanto quanto satisfatória. Nem sempre o final aberto, amparado no sobrenatural, funciona da melhor forma possível. E às vezes, forçar no marketing nem sempre é uma boa ideia. 

Veredito da Vigilia

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