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Lei da Noite | Crítica

Desprezado no Oscar e subestimado pela crítica, Lei da Noite merece um voto de confiança. Vamos lá, o filme dirigido, roteirizado e estrelado por Ben Aflleck não merece todo o descaso que está recebendo. Affleck fez um bom trabalhando quando repetiu a dobradinha com o escritor Dennis Lehane, responsável pela obra adaptada ao cinema, o livro Filhos da Noite. O primeiro trabalho que fizeram juntos foi Medo da Verdade, de 2007.

Em Lei da Noite, Affleck dá vida a Joe Coughlin, um conhecido criminoso, filho de um policial e veterano de guerra que escolheu a vida noturna para trabalhar, praticando seus roubos. Apesar de ser um criminoso, Joe não consegue ser um cara mau, inclusive perdendo oportunidades. Tudo muda quando ele se apaixona pela amante de um gângster. A partir disso, a sua vida nunca mais será a mesma.

O enredo é um tanto quanto confuso. Entendemos a trajetória de Joe, mas alguns pontos não ficam bem amarrados. Por um momento, parece que estamos assistindo uma mistura de Narcos com Poderoso Chefão (tanto a série quanto o filme são incríveis, mas misturados ficariam confusos, temos que combinar), já que mistura a máfia italiana com os irmãos latinos. Mas, por contraditório que pareça, é também nessa mistura inusitada que mora o ponto alto do filme. Na história temos ataques da Ku Klux Kan, que não aceita os cubanos e os imigrantes na cidade em que está Joe e seus comparsas. Por diversas vezes, o chefe do KKK (que parecia o Hortelino, do Pernalonga) falou em eliminar os imigrantes e tornar o local “puro”. Ao mesmo tempo, no cinema do filme estavam passando imagens de Hitler. É uma excelente reflexão quando se tem um presidente de um país como os Estados Unidos querendo criar um muro e expulsar os imigrantes. Afinal, estaríamos repetindo a história?

Outro ponto que o filme traz é a Lei Seca nos Estados Unidos. Joe e a esposa enriquecem contrabandeando bebida e viviam com o medo de que a Lei fosse revogada, assim acabariam as suas fontes de renda. Ele resolve então migrar para o ramo dos cassinos, mas nem tudo foi tão fácil quanto ele esperava.

O cenário e a contextualização histórica do filme são muito bem construídos. Toda a fotografia em tons noir, os jogos de câmera e a trilha sonora tornam a obra uma bela construção visual. Poderia ser o grande filme da carreira de Ben Aflleck, que já desistiu de ser o diretor do novo Batman. Seria pressão?

O erro desse filme é não se explicar. Talvez se o roteiro não colocasse Joe como um herói, um ser incompreendido, que tem medo de matar, o filme teria  mais agilidade. Apesar da duração de pouco mais de duas horas, tem cenas que parecem uma eternidade para terminar. No geral, o filme se tornou muito arrastado. Ben Affleck e a Warner perderam a chance de fazer um filme inesquecível. Uma pena.

Lei da Noite é um filme que vale a pena assistir. Tem debate social, máfia italiana, tretas de Gângster, Femme Fatales e um bom papel de Ben Aflleck. Sem muitas pretensões, vá ao cinema sem medo. O filme estreia no dia 23 de fevereiro no Brasil.

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