Gêmeo Maligno: terror esbarra em uma total falta de originalidade
Tem terror chegando aos cinemas neste dia 11 de agosto. Gêmeo Maligno (The Twin) se ampara no brilho da atriz Teresa Palmer (Até o Último Homem) para nos conduzir em uma história misteriosa que cerca a morte de um de seus filhos. É aquele tipo de filme que nos prende do início ao fim para sabermos, somente no final, o que é que está acontecendo. A jornada acaba sendo mais interessante que seu desfecho, mas, isso não chega a ser um grande elogio.
Apesar de termos a curiosidade aumentando em todo o desenvolvimento do longa, Gêmeo Maligno acaba sendo um terror que quer a todo tempo perturbar, mas sem uma ideia muito clara, ou ainda, uma ideia muito mal apresentada. De maneira grosseira, ele se ampara em seu plot-twist para acrescentar qualquer tipo de tempero ao caldeirão em que cozinha sua mistura. Mas, como sabemos, se a mistura aceita todo tipo de ingrediente, é bem possível que tenhamos um prato pouco confiável para servir à mesa. Uma desculpa esfarrapada para justificar um apanhado de cenas que já vimos em vários outros filmes de terror.
Antes de continuar com a metáfora da cozinha, é importante situar o guia de toda a história. A trama gira em torno de um casal que perdeu um dos filhos gêmeos. Rachel (Teresa Palmer) está lutando ao lado do marido Anthony (Steve Cree de O Exterminador do Futuro: Destino Sombrio) para realinhar a vida após um trágico acidente. Eles mudam de Nova Iorque para o interior da Finlândia (que escolha hein?) com o intuito de reconstruir as vidas após a perda.
Tão logo nos apresenta essa história, já podemos localizar vários problemas. A apresentação dos personagens é vaga, o que logo desvaloriza o acidente inicial da família. Embora se explique ao final, parece que todo o filme é uma trama propositalmente confusa, que não ajuda o espectador a elaborar teorias assertivas. Embora aposte no aspecto da curiosidade, tudo soa covardemente elaborado e desatualizado, entregando o clichê da mulher/mãe sobrecarregada e louca.
A obra parece vendar um thriller perturbador, mas o grande número de situações apresentadas – todas elas flertando com algum gênero do terror sobrenatural – esconde na verdade uma total falta de ideias. A metáfora com a cozinha serve para reforçar isso. Misturar bife com merengue nunca será uma ideia revolucionária. Tão pouco saborosa.
Escorados na ótica de Rachel, acompanhamos a família chegando na nova casa: uma clássica cidade do interior, com vizinhos distantes em uma geografia pálida e gelada. A partir daí, Rachel passa a ter indícios de que Elliot (Trista Ruggeri) estaria de alguma forma conversando com Nathan, o irmão morto no acidente. É aí que o grande novelo do mistério começa a se desenrolar.
Nessa nova cidade, Rachel passa a conhecer os vizinhos – todos idosos e assustadores – o que nos leva a pensar que agora eles estão cercados por uma seita misteriosa. Seus sonhos, ou melhor, pesadelos, se somam a isso, tanto quanto a introdução de uma personagem que parece querer “avisar” ela sobre situações aterradoras que aconteceram com seu falecido marido nesta mesma cidade. A mistura no caldeirão, ou a massaroca de elementos, entra em ebulição, mesclando uma protagonista pouco confiável com seu entorno cada vez mais ameaçador. Ah, e temos toques de rituais satânicos sendo pincelados aqui e ali.
O fato é que nada apresentado é realmente inovador ou criativo. Seitas malignas, rituais, fantasmas, mortos que assombram os vivos, tudo isso já foi contado no cinema, e das mais variadas formas. De bom para Gêmeo Maligno fica a protagonista Teresa Palmer, que parece fadada a fazer muitos filmes do gênero (pela sua fisionomia peculiar) e os cenários escolhidos. E tudo isso nos conduz para um final dos mais clichês, e também já muitas vezes utilizado pelo terror, numa virada pobre e nada inventiva, quase risível.
Bom, falar mais do que isso seria um grande spoiler. Melhor parar por aqui. Em uma época com tantos canais de streamings disponíveis, é um milagre um filme como Gêmeo Maligno chegar às telonas. Fosse uma estreia semanal em algum desses serviços, talvez tivesse melhor sorte.