Extraordinário: mensagem e emoção na medida | Crítica
Aguardada adaptação do livro de R.J. Palacio, Extraordinário (Wonder) chega aos cinemas brasileiros no dia 7 de dezembro e deve ter uma bela recepção de público e crítica. O filme que conta a história real de August Pullman, e já emocionava nos trailers, traz uma bela mensagem, boas atuações e uma excelente opção de filme para pensarmos mais na vida e em tudo que nos rodeia, deixando preconceitos de lado e aceitando as pessoas como elas realmente são. Vale para uma deformidade, uma deficiência, a cor da pele e para a orientação sexual. Não há motivos para cercear, excluir ou mesmo agredir as pessoas. E como diz o nosso protagonista, “Toda pessoa deveria ser aplaudida de pé pelo menos uma vez na vida, porque todos nós vencemos o mundo”. E a história de Auggie é, por mais romantizada que seja, um daqueles exemplos que existem por motivos bem especiais no mundo, no universo e tudo mais.
Começamos com a trama. O essencial em um momento que se vai contar uma história sensível, como a do menino que nasceu com problemas genéticos, e, por isso, teve que passar por mais de 20 cirurgias para ou sobreviver, ou mesmo ficar com uma aparência melhor, poderia ser feita de forma apelativa, explorando situações ao seu limite. Mas não, temos uma construção interessante por diferentes olhares, que mostram o impacto de se ter na vida a presença de uma criança que, até o quinto ano, não frequentava a escola normal em função de suas “inaptidões”, bem assim entre aspas mesmo. Portanto, o diretor Stephen Chbosky, o mesmo de As Vantagens de Ser Invisível, foi desde sempre uma escolha acertada para o projeto. Ele traz uma narrativa moderna e adaptada ao cinema pop, com referências a Star Wars, Pânico, entre outros. E o elenco, recheado em seu núcleo principal por Jacob Tremblay (do tocante e real “O quarto de Jack”), Owen Wilson (Meia-Noite em Paris), Julia Roberts e Izabela Vidovic (chegou a fazer a jovem Supergirl, na série), entrega tudo que precisamos para um bom best-seller/blockbuster. Destaque também para o elenco infantil. Fica difícil não se encantar por Jack Will (Noah Jupe), Summer (Millie Davis) o praticante de bullying Julian (Bryce Gheisar) e até mesmo a cadelinha Daisy.
Com os personagens no tabuleiro, Chbosky monta seu jogo e vemos os pais, a irmã, os colegas e todo o contexto de Auggie (Tremblay). Os diferentes ângulos ajudam o espectador a se colocar no lugar e viver um pouco do que os personagens sentem. Conviver com o diferente não precisa ser sempre algo preocupante, a vida tem seu fluxo, e algumas lições precisam ser realmente sentidas. Isso tudo ajuda a não sobrecarregar o personagem central e deixá-lo desgastado perante sua própria história. E mesmo os pais mais zelosos não podem deixar de enxergar suas famílias num aspecto mais amplo.
Evidentemente, temos um filme que retrata uma família daquelas de propaganda de margarina. Isso ajuda a contar uma história leve, mas ao mesmo tempo, de exceção. O exemplo de Auggie só é possível por este contexto. Sua história nos livros e na tela destoam de grande parte da realidade de quem enfrenta a exclusão por outros critérios. O contexto econômico e social fala forte e o ajuda a crescer. Mas mesmo o panorama favorável não tira os méritos do filme. De certa forma, é só por isso que podemos ter o exemplo e a mensagem do filme. Assista e repasse. O mundo ainda precisa aprender muito sobre isso. Leve um lencinho.