En el pozo: thriller uruguaio na medida certa | Crítica
Iniciando a exibição de longas da 6ª noite da 47ª edição do Festival de Cinema de Gramado, “En el pozo”, com direção de Bernardo e Rafael Antonaccio chega sendo um thriller com imagens fortes, mas premissa batida.
Alicia (Paula Silva), amiga de infância de Martín “Tincho” (Rafael Beltrán) e Tola (Luis Pazos), volta para a sua cidade natal e encontra nessa viagem uma oportunidade de aproximar suas origens e seu namorado, Bruno (Augusto Gordillo). O desenvolvimento real do filme inicia quando Bruno começa a perceber que sua namorada pode estar tendo um caso com o amigo.
Todo o longa acontece em apenas uma locação: uma pedreira abandonada. Assim como durante o filme todo só temos 4 personagens com falas. Essas escolhas são bem arriscadas, pois um erro pode colocar o longa inteiro em perigo de não ser compreendido ou passar por “sem sal” e parado. Porém, o trabalho desenvolvido pelos irmãos Antonaccio junto com seus atores foi tão bem executado e resultou em algo tão intenso que mal se percebem esses detalhes.
Há também o fato de que é possível identificar cada um dos personagens na vida real, em um grupo de amigos ou conhecidos, e isso deixa a sensação de medo e ansiedade ainda maior. Eles não são criados como pessoas inalcançáveis ou de moral incorruptível, são jovens adultos que fazem escolhas erradas e acabam pagando por isso.
As cenas de violência não seguem o modelo hollywoodiano, mas não perdem o teor duro e cru. Inclusive, os momentos de gore são chocantes e causam desconforto na medida certa. Outro ponto forte de “En el pozo” é a edição de som muito bem feita. A captura dos detalhes sonoros e o modo como os canais de som foram utilizados, fazendo parecer que os personagens estão diferentes locais ao redor do espectador, deixa a experiência do filme ainda melhor.
“En el pozo” passa perto da realidade, tirando o glamour de “filme thriller”, porém, adicionando o desconforto de “é possível ver essa história no noticiário”. É um bom filme conceito – que pode parecer um pouco lento para quem está acostumado com o ritmo dos blockbusters. Mas a Vigília recomenda.
Agradecimento pela parceria: Instituto Estadual de Cinema – IECINE