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Elite | Crítica da 2ª temporada

A série teen espanhola Elite voltou para a sua segunda temporada na Netflix após o sucesso de estreia em 2018. Muito disso se deve ao elenco, que conta com rostos conhecidos, oriundos de outra série espanhola, La Casa de Papel. 

Porém, não é apenas um elenco conhecido que segura os telespectadores, e Elite provou em sua primeira temporada que não era apenas “um rostinho bonito”, uma vez que a trama era interessante (mesmo sendo um mix de Rebelde, 13 Reasons Why e Gossip Girl), e os personagens possuíam camadas interessantes.

Os mistérios continuam no colégio Las Encinas

Pois bem, na segunda temporada, infelizmente não vemos nada de novo na história, com uma fórmula repetida, inclusive na montagem do roteiro. Mas por que isso seria ruim se na primeira parte deu tão certo? Já ouviu aquela expressão “um golpe não funciona duas vezes contra o mesmo cavaleiro!”, pois bem, o bordão dos Cavaleiros do Zodíaco resume bem.

Aí reside o erro dos novos episódios de Elite. Se na primeira temporada o mistério no colégio Las Encinas era saber quem matou Marina, irmã de Guzmán e crush dos irmãos Samuel e Nano, agora temos outro crime para solucionar: onde está Samuel? E lá estamos de novo na frente da mesma policial, participando de outro interrogatório na mesma escola e praticamente com os mesmos suspeitos envolvidos (parece que estamos brincando de detetive).

As desavenças da primeira temporada continuam

Contudo, a trama de 2018 ainda está presente na série, com as consequências da prisão injusta de Nano pela morte de Marina, e Carla e Polo tentando esconder o fato de que são os responsáveis pelo crime. Em função dessa trama ocorrer simultaneamente ao desaparecimento de Samu, ficamos menos envolvidos em encontrá-lo e mais pela sua busca da verdade que libertará seu irmão da cadeia.

Aliás, o Nano na cadeia foi uma oportunidade perdida pela Netflix, que preferiu mostrar o boa pinta apenas conversando com os seus familiares naquele telefone atrás do vidro, ao invés de apresentar os perrengues que o injustiçado estava passando na prisão. Não estou pedindo um Oz da vida, mas pelo menos poderiam ter usado os cenários de Vis a Vis para aproveitar (já que a série é espanhola também). 

Esse é o máximo que você verá o Nano na cadeia

Bom, se a série não tem nenhuma novidade em relação a história, pelo menos temos personagens novos: Cayetana, Valério e Rebeca. A primeira, uma influencer digital que ostenta muito em suas redes, possui uma história bem criativa para o contexto da série, mas a interpretação da atriz ou a própria personagem não cativa. O segundo, meio-irmão de Lucrécia e um bon-vivant, parece um furacão por onde passa e aproveita muito bem cada tempo de tela que possui, mas pode ser que não o vejamos em uma terceira temporada. Já a última, que possui uma origem humilde, e só está estudando em Las Ensinas porque supostamente sua mãe ganhou na loteria, integra o grupo dos mocinhos. Porém, parece que funciona melhor sozinha, quando está lutando contra tudo e todos, e é desses três novos quem recebe menos espaço no decorrer da história.

Se falamos dos novos personagens, vamos agora então dar vez aos velhos. A começar por Christian, vivido pelo ator Miguel Herran, que desmentiu recentemente a sua saída precocemente de Elite e La Casa de Papel por motivos de depressão. Sua falta não foi tão bem compensada na nova temporada, nem com os novos, muito menos com os antigos personagens. Prova disso é a total (eu disse total!) falta de química entre Samuel e Carla, que formam o casal mais improvável e sem graça da história.

Samu + Carla: nota 0 em Química

Já que entramos no assunto casal, os pares apresentados na segunda temporada parecem um eletrocardiograma. Todos, sem exceção. Em um primeiro momento se declaram pra dizer que não podem ficar juntos. Depois fazem as pazes (que na série é sinônimo de fazer sexo), mas no final não ligam no dia seguinte. Chega um momento que você sabe que ninguém vai atualizar o status nas redes sociais porque o romance não vai durar meio episódio.

O crush preferido da galera, Omander (Omar + Ander) até parece se desenvolver, mas a mudança de comportamento dos dois, principalmente de Ander em função de um ocorrido que o deixa transtornado, quebra um pouco o único casal que poderia ter ficado de boas durante a série (como se eles já não tivessem os dramas pessoais).

Omander, o casal favorito dos fãs de Elite

Sua irmã, Nadia por sua vez, está menos em cima do muro quanto na primeira temporada, se soltando um pouco mais, mas ainda lutando contra os seus sentimentos em relação a Guzmán. Outro casal que poderia muito bem ter se resolvido, mas pelo jeito isso ficará para a terceira temporada. (É, pelo jeito só no final da série pra vermos algum casal ficar definitivamente junto).

Por fim, Lucrécia faz bem o seu papel estilo “vilã-de-Malhação”, que faz suas mini maldades, parece por um momento que é boazinha e no final descamba de vez, revelando a megera que é.

O momento vilanesco de Lu

Assim como na primeira, a segunda temporada de Elite novamente te prende pelo mistério que se arrasta até os últimos minutos e pelo final surpreendente, que faz valer a pena a espera (o último episódio é realmente muito bom). Além disso, apela para cenas mais calientes, fazendo com que seja uma série para adolescentes, com censura 18 anos. Esperamos que na terceira temporada os roteiristas explorem algum outro ponto, fugindo do convencional e sendo mais interessante do que apenas matar personagens e casais que não se resolvem nunca.

Veredito da Vigilia


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