Dungeons & Dragons: Honra entre Rebeldes acerta na mescla entre aventura e comédia
Dungeons & Dragons: Honra entre Rebeldes chega aos cinemas brasileiros no dia 13 de abril e desde já é uma grata surpresa neste início de ano. Surpresa porque a expectativa desse que vos escreve era quase nula. Desde os primeiros trailers, que até foram bem honestos, a pegada cômica parecia incomodar um pouco. Quando pensamos na marca, aqui no Brasil, pelo menos, nossa mente vai sempre para dois lugares: o RPG clássico, ou ainda, a animação homônima, que aqui foi batizada de Caverna do Dragão. E entre esses lugares – que circulam entre o coração e a mente de nós nerds – temos ainda a nostalgia. O pacote se completa com as adaptações anteriores, que nunca fizeram jus a nada, nem à animação, tão pouco ao jogo. Mas, o novo Dungeons & Dragons nas telonas acerta em quase tudo que se propõe. Por isso, uma surpresa.
Cabe aqui também ressaltar que sim, o filme é uma boa mescla entre aventura e comédia. Nas mãos de Jonathan Goldstein e John Francis Daley (dupla responsável por ótimas comédias como Férias Frustradas e A Noite do Jogo), somos apresentados ao “mundo mágico” de uma versão um tanto quanto única com o selo Dungeons & Dragons. E logo na primeira cena, o contrato com o público fica muito claro: você vai rir se conseguir entender que aqui realmente pode acontecer um pouco de tudo. Obviamente nem todas as piadas são incríveis, mas a dupla, que também assinou uma pá de roteiros (até mesmo da nova franquia de Homem-Aranha), é competente nesse escopo, e ficam claras algumas inspirações de comédia medieval (alguém aí falou Monty Phyton?).
Para aqueles que são um pouco mais iniciados e gostam de assistir todos os trailers, a boa notícia é de que a história não foi entregue em nenhum deles, embora algumas piadas do filme poderiam funcionar melhor se não fossem previamente expostas. Então, temos sim surpresas em todo o plot, que consegue cativar também pela boa escolha de elenco. Todos eles têm seu charme, passando pelo protagonismo errante de Chris Pine, como Edgin, a força de Michelle Rodriguez como a selvagem Holga, o mago trapalhão Simon interpretado por Justice Smith, a druida sensata Doric, vivida por Sophia Lillis e o sábio e retilíneo de raça-superior Xenk, de Regé-Jean Page. Cada um deles cumpre uma tarefa importante e a balança é bem equilibrada para que cada um possa mostrar seus dons. E por fim, mas não menos importante, o humor inglês de Hugh Grant, que até pode parecer perdido no churrasco, mas entrega o vilão sacana e pastelão necessário para que tudo se desenvolva com a mínima coerência. Sobra até mesmo uma pitada de emoção familiar.
Talvez o ponto baixo de Dungeons & Dragons: Honra entre Rebeldes esteja no ritmo. No afã de colocar muitas missões e conseguir completar um check-list digno de um RPG, nossos heróis vão ir e voltar de um lugar para outro com um pouco de demasia. É uma missão, que leva para uma missão que leva para outra missão. Mesmo assim, não chega a ser um grande problema. Na verdade, aqui entrarão até mesmo participações especiais bem inesperadas! E claro, nessa linha, o blockbuster segue a lógica do cinemão de hoje em dia: tem 2h14 de duração. Afinal, o dinheiro do público precisa ser investido em mais tempo, não é mesmo?
Os efeitos especiais estão bem pontuados e o roteiro brinca com algumas lógicas e monstros que se espera ver em um filme que tem “Dragons” no título. Mais uma dose de humor de John Francis Daley (que pra quem não lembra, era o Sam de Freaks and Geeks). No final das contas, o investimento da Paramount Pictures (cerca de 100 milhões de dólares) está bem justificado, e tem tudo para fazer um grande sucesso. É aventura, humor, bons personagens e uma história divertida, como todo bom RPG deveria ser.
A Vigília Recomenda!