Com ótimas atuações, “O Clube dos Anjos” adapta a obra de Luis Fernando Veríssimo
Baseado na obra homônima de Luís Fernando Veríssimo, O Clube dos Anjos foi exibido na segunda noite do 50º Festival de Cinema de Gramado. Dirigido por Angelo Defanti, o filme acerta no elenco, mas peca no ritmo. Seria essa uma adaptação literal demais da obra?
Em O Clube dos Anjos, mensalmente o Clube do Picadinho se encontra há decadas. Sete amigos debatem suas vidas, seus fracassos e suas frustrações. Porém, reviravoltas fazem com que eles, aos poucos, desistam da sua confraria… Isso, até a chegada de um misterioso cozinheiro. Os amigos então voltam à celebrar a gula, mas existe um porém: após cada encontro, um membro do grupo morre.
Unir Otávio Muller (Benzinho), Matheus Nachtergaele (Cabras da Peste), Paulo Miklos (Jesus Kid), Marco Ricca, Augusto Madeira (A Menina que Matou os Pais), André Abujamra, César Melo, Ângelo Antônio (O Cravo e a Rosa), Samuel de Assis (Rensga Hits) e António Capelo talvez não tenha sido tarefa fácil para o estreante Angelo Defanti. Mas o resultado não poderia ser diferente. O ponto alto de O Clube dos Anjos é, com toda certeza, as suas excelentes atuações. Um time de atores deste nível já prometia muito e cumpriu com maestria.
A qualidade técnica do filme é impressionante. A brincadeira de deixar os atores falando ao telefone nas mesmas cenas, abrir os ambientes como se tudo fosse um grande palco de teatro e utilizar as cores para definir cada um, deixa o filme interessante e deu o tom que O Clube dos Anjos precisava.
Otávio Müller é o grande protagonista do longa e suas cenas com a câmera, quebrando a quarta parede e conversando com o público, como Veríssimo faria, é outro acerto do diretor.
O Clube dos Anjos é uma boa comédia, mas peca em um roteiro literal demais, fiel demais ao livro. No início do segundo ato, já matamos a charada. Nada de novo acontece. Se torna uma grande repetição do mesmo ritual.
Quando falamos de cinema, falamos de surpresas. Queremos reviravoltas, queremos ser instigados, enganados, ludibriados. A magia do cinema está, também, em surpreender. E o filme não surpreende. Ele segue, linearmente, uma receita. Um a um vai tendo seu destino. Sem uma grande reviravolta. A revelação que poderia ser mais surpreendente passa batida e quase fica nas entrelinhas.
E não, não estou pedindo para ser surpreendida como fui em O Sexto Sentido ou em Os Outros. Eu queria apenas não ter descoberto tudo em quarenta minutos de filme e ter ficado esperando o longa terminar.
Assistindo O Clube dos Anjos, você vai dar boas risadas, ver excelentes atuações, mas pode ficar entediado com o roteiro.