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“Boa sorte, Leo Grande” fala da sexualidade feminina e vai te fazer pensar

Olá, cara leitora! Você já gozou hoje? Essa semana? Esse mês? NA VIDA? Em uma pesquisa divulgada em 2020, surgiu um dado alarmante. Mais de 70% das mulheres nunca teve um orgasmo numa relação. Assim como Nancy, vivida por Emma Thompson, em Boa Sorte, Leo Grande (Good Luck to you, Leo Grande), filme que estreia dia 28 de julho nos cinemas.

Na história, Nancy é uma professora de ensino religioso aposentada que viveu por mais de três décadas com o único homem que transou na vida. O sexo, segundo ela relata, era mecânico, sempre a mesma coisa, sem explorar seu corpo e sua sexualidade. Pensando nisso, dois anos após ficar viúva, ela decide contratar Leo Grande (Daryl McCormack), um garoto de programa, para experimentar e viver coisas que nunca viveu. A partir daí, temos um relato de todas as travas que uma mulher pode passar e viver por causa da opressão da sociedade.

Afinal, talvez você tenha achado estranha a introdução deste texto. Até mesmo inadequada. E posso afirmar que eu mesma achei. Sim. Uma mulher de 30 anos, com vida sexual ativa e satisfatória, ainda tenho tabu para escrever sobre sexo. E até mesmo falar. Me dei conta que, nem mesmo com as minhas amigas mais próximas, esse assunto é recorrente. As palavras não são ditas. Fica tudo num eterno subentendido. E por que evitamos falar sobre sexo? Será que é por que crescemos em uma sociedade onde o sexo é abordado de diferentes formas para homens e mulheres? Será que é por que vemos nossa vontade sexual como algo errado? Nos sentimos inadequadas? Nem preciso responder essa pergunta.

Boa Sorte, Leo Grande me fez questionar muitas coisas. Não tenho 70 anos como a personagem do filme, mas não me encaixo no padrão de corpo da sociedade. E, além de todos os tabus da sexualidade feminina, ser uma mulher fora do padrão e ter vida sexual ativa parece ser algo ainda mais difícil. Mas temos desejos sexuais, assim como pessoas sexagenárias.

Emma Thompson em Boa Sorte, Leo Grande
Emma Thompson em Boa Sorte, Leo Grande

O roteiro começa interessante, mas se torna lento de acordo com o decorrer do filme. O longa de Sophie Hyde parece ter mais tempo do que realmente tem, mas isso não inviabiliza a principal mensagem que temos que absorver. Não existem grandes empenhos em produção e nem mesmo uma técnica muito elaborada. O filme se passa quase inteiro em uma única locação, no quarto onde ocorrem os encontros entre Leo Grande e Nancy. Os cortes de câmera são interessantes e a nudez e os atos sexuais são deixados para os takes finais. Porque, de verdade, não é isso que importa. Boa Sorte, Leo Grande existe porque precisa promover debate e diálogo.

Emma Thompson fez um grande papel em Boa Sorte, Leo Grande. Ela interpreta muito bem uma mulher insegura, que precisa experimentar e se experimentar. Com uma vasta filmografia, tendo participado até mesmo da saga Harry Potter, é possível dizer que esse é um dos grandes filmes de sua carreira. Seu protagonismo e a cena final são emocionantes e muito bem interpretados. Daryl McCormack, da queridinha Peaky Blinders também vai muito bem, mas é, inevitavelmente, ofuscado por Emma, o que está correto, tendo em vista foco do filme. Emma brilha e o filme todo é dela.

Boa Sorte, Leo Grande foca no que realmente precisa discutir: a sexualidade feminina.

Assim como falei quando escrevi sobre a cena de masturbação da personagem de Andrea Beltrão em Um Lugar ao Sol, gostaria de lembrar que mulheres transam. Que gostamos de ter prazer. Que queremos novidades. E que a satisfação sexual faz bem para todos os aspectos das nossas vidas. É isso que Boa Sorte, Leo Grande tem para nos mostrar.

Veredito da Vigilia

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