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Agora em série, Cidade de Deus traz a receita dos grandes sucessos

Depois de 22 anos, Cidade de Deus está de volta. O maior sucesso do cinema brasileiro, e talvez o mais icônico filme da história contemporânea da nossa sétima arte, está ganhando uma continuação. Desta vez, em formato de série. E a novidade, que agora leva o nome “Cidade de Deus – A Luta Não Para”, teve sua primeira sessão pública na noite de sábado, dia 10 de agosto, durante a segunda noite do 52º Festival de Cinema de Gramado.

A Vigília estava lá, e conferiu em primeira mão.

Logo do cara é preciso destacar: a série, assim como toda produção da HBO Max (agora só Max), tem tudo para manter a régua de qualidade da qual o canal acostumou o público. Mantendo até mesmo um nível de suas grandes séries internacionais. Capitaneado por Aly Muritiba, figurinha carimbada no Festival de Gramado – por lá já conferimos excelentes obras dele, como Ferrugem e Jesus Kid, e no ano passado, a estreia da série do Prime Video, Cangaço Novo – a novidade chegou com os dois pés na porta em sua premiere. Bebendo diretamente da fonte, e também contando com a produção executiva do grande responsável pelo filme que concorreu a quatro Oscar, Fernando Meirelles, a série conta com todos os elementos apresentados no longa. Inclusive, faz uma grande homenagem e utiliza a receita dos grandes feitos audiovisuais dos últimos anos: alia um produto querido e consolidado do público, transporta para uma nova saga e uma novidade, e capricha no quesito nostalgia, nos concedendo uma verdadeira viagem no tempo e para locais que todo cinéfilo com certeza ainda têm muito vivos na memória. Pense bem nessa mistura e você vai lembrar facilmente dos filmes que mais arrecadaram nas bilheterias internacionais nos últimos anos.

Histórias novas

E veja bem, não há problema nenhum abraçar essa receita. Até porque, em uma série, ela com certeza terá um limitador muito mais expressivo do que em um filme. Certamente Aly Muritiba e seu elenco de peso vão nos contar histórias novas. O primeiro episódio, apesar de apostar muito na nostalgia e no longa original – as referência são mais do que evidentes – nos joga para a CDD (me permitam usar a sigla que os próprios personagens usam) de 20 anos após os acontecimentos originais. Ou seja, na série estamos no ano de 2004. Os jornais impressos ainda importam, a tecnologia é outra, e por isso, nosso protagonista Buscapé (Alexandre Rodrigues volta ao papel de sua vida) é um repórter fotográfico de respeito. E suas capas são clássicos da editoria de polícia do Rio de Janeiro. Junto dele ainda temos vários outros nomes conhecidos, e todos terão seu espaço de apresentação no piloto, dando uma ótima dinâmica e contextualizando bem o público do que aconteceu e como essas personagens estão atualmente.

Elenco de Cidade de Deus no tapete vermelho do Festival de Gramado
Equipe da série “Cidade de Deus – A Luta Não Para” no tapete vermelho do Festival de Cinema de Gramado | Foto: Cleiton Thiele/Agência Pressphoto

A parte técnica de Cidade de Deus – A Luta Não Para é praticamente impecável. O tom do original está lá. As edições, cortes e jogos de câmera também. E claro, as cenas de tiroteio, que devem permear toda a temporada. A série mantém também a pegada de violência. Está tudo no lugar e se caso alguém dissesse que foi o próprio Fernando Meirelles que dirigiu o piloto, ninguém duvidaria. O molho da nostalgia entra em rápidos recortes e flashbacks que relembram acontecimentos e personagens. Ponto para a montagem e a ideia bem executada.

Mas obviamente, as tretas agora são outras. Ou pelo menos, um pouco mais novas. O piloto apresenta o que devem ser o trio de antagonistas da temporada, com Curió, vivido por Marcos Palmeira, Bradock, por Thiago Martins e Jerusa, interpretada por Andréia Horta. São eles que trazem a parte mais tensa da história que se desenha. É de Andreia Horta também a cena mais chocante do piloto, pouco antes de os créditos subirem e deixarem o público um tanto ansioso pelos próximos capítulos. A cena surpreende pela ação e escolha estética, mas não vou dar spoiler por aqui.

Depois de transitar bem por projetos próprios (Deserto Particular) e outros mais conhecidos (Caso Evandro, Cangaço Novo), Aly Muritiba parece consolidar uma carreira um tanto sólida em produções de ação. Cidade de Deus – A Luta Não Para deve concretizar seu nome como um dos principais diretores de uma, digamos assim, nova geração de cineastas brasileiros, e certamente ele será lembrado por todos os grandes estúdios. CDD é mais um case seu de sucesso, e se a série seguir a toada do piloto, certamente estaremos encarando uma das melhores do ano.

Já quero a temporada inteira! 

Em tempo: ela estreia já no dia 25 de agosto e certamente falaremos muito dela por aqui. Para um episódio piloto, vou deixar aqui 5 estrelinhas.

Veredito da Vigilia

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