CríticaFilmes

Ad Astra – Rumo às Estrelas e a busca pela razão de existir | Crítica

Um astronauta precisa cruzar as fronteiras do espaço para reencontrar seu pai e, consequentemente, salvar o planeta de explosões solares. A premissa de Ad Astra – Rumo às Estrelas (Ad Astra) pode enganar muita gente que cruza por seu material de divulgação, principalmente porque ele é ancorado na estrela de Brad Pitt. Mas é interessante pesquisar um pouco mais sobre o filme para que você não se deixe levar por uma expectativa e um imaginário criado por tudo isso. Ao contrário de ver o astro lutando contra o mal, encarando talvez até mesmo alienígenas, e salvando o dia, você está entrando numa sessão muito mais ambiciosa, contemplativa (lembra da nossa crítica de Era Uma Vez em Hollywood?) e com metáforas visuais e sobre a vida que não cabem em um só texto. O diretor James Grey, de Os Donos da Noite (2007), Era uma Vez em Nova Iorque (2013) e Z: A Cidade Perdida (2016), constrói uma narrativa mais complexa, melancólica e que precisa de um pouco de paciência para ser digerida. Tudo isso amparado em uma ótima trilha sonora e um visual que é puro esplendor.

Feita a introdução, entramos sim em uma obra caprichada nos detalhes, nas imagens deslumbrantes do espaço e na vida do astronauta James McBride (Brad Pitt), que é chamado às pressas para uma missão interplanetária. Logo de cara somos apresentados ao complexo personagem de Pitt, que entrega uma atuação completamente diferente do que vimos a poucos dias no nono filme de Quentin Tarantino. Traumatizado pelos anos longe do pai Clifford McBride (Tommy Lee Jones), ele busca na frieza e na distância a forma de se mostrar um funcionário com excelência em vários aspectos. Nada pode abalar o seu preparo para as missões e nada pode distrair sua carreira. É com o silêncio que ele consegue falar mais. E em rápidas pinceladas de Eve (Liv Tyler), criamos a esperança de que ele tenha sentimentos mais calorosos.

Temos batalhas, mas não se apegue nesse aspecto

A missão do protagonista é contatar o pai, desaparecido há 30 anos em uma incrível missão de buscar vida longe da Terra. Enfrentando seu passado, sua própria frieza e objetivos de vida e suas escolhas, Pitt vai literalmente atravessar a Via Láctea até os anéis de Saturno (eu disse literalmente!). Uma missão longa, e construída de forma lenta, em um mundo futurista, mas com zero glamour entre as viagens interplanetárias. Na verdade, elas são encaradas com a mesma empolgação de quem pega um ônibus lotado em um dia de verão. Passamos pela Lua, por Marte, e nesse caminho James Grey nos aponta alguns conflitos que podem nos enganar novamente quanto ao objetivo do filme. Temos piratas intergaláticos e até mesmo cobaias raivosas. Um pouco de sangue. Mas nada que mude a narrativa, que continuará contemplativa, arrastada, e novamente melancólica.

Tommy Lee Jones é encontrado 30 anos depois, nos confins do universo!

Talvez Ad Astra – Rumo às Estrelas tenha se usado da ambição sci-fi para contar experiências humanas e passar um recado simples. Pode ser até mesmo injusto resumi-lo ao nível “Use Filtro Solar” (lembram da mensagem positiva dublada pelo Pedro Bial?), mas é em parte o que fica após toda a jornada de McBride pelo espaço. Se em Gravidade tínhamos uma espécie de renascimento, aqui temos a mensagem de valorização da vida, antes que a morte chegue. É bonito, é poético. Mas não é pra todo mundo.

E no final das contas, se estivermos sozinhos no universo?

Veredito da Vigilia

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *