A nova face de Nicole Kidman em O Peso do Passado | Crítica
Um thriller com contornos de drama familiar joga Nicole Kidman para um papel diferente de tudo que já vimos. A vencedora do Oscar por As Horas (2002) agora chega aos cinemas brasileiros com “O Peso do Passado” (Destroyer, 2018), onde encarna a policial Erin Bell. Passando longe do conforto e costumes de uma Celeste (Big Little Lies, papel que lhe rendeu um Globo de Ouro), e da realeza de Atlanna (seu papel em Aquaman), uma das mais famosas atrizes de Hollywood agora empresta seu talento para uma história crua, violenta e traumatizante. O Peso do Passado estreia dia 17 de janeiro e já rendeu uma indicação de Melhor Atriz para Nicole Kidman no Globo de Ouro.
Dirigido por Karyn Kusama, de Garota Infernal e do tenso O Convite, “O Peso do Passado” desde o início nos mostra que a história é toda de Erin (Nicole Kidman). É com o rosto e a confiança no “starpower” da atriz que vamos até o fim. E as indicações de Nicole Kidman para os principais prêmios do cinema no início do ano não são em vão. Logo nos primeiros segundos de filme sabemos que ela tem problemas sérios para resolver. E isso envolve sua família, sua aparência e até mesmo sua saúde. Ela está destruída por dentro, e já não importa se o último caso que ela vai trabalhar lhe custe a vida.
Em uma missão do passado, Erin agiu como policial infiltrada no submundo do crime. Passando a conviver com uma gangue, ela também passou a se relacionar com seu grande amor, o parceiro policial Chris (Sebastian Stan). E talvez por isso, a missão tenha terminado de forma tão desastrosa. Uma série de escolhas infelizes acabou deixando marcas profundas no passado. E certamente essas marcas vão cobrar um preço e se manifestarem no presente e no futuro da policial envelhecida e alcoólatra.
O clima do filme é de uma tensão contínua. Temos idas e vindas entre o passado e o presente para contar e apresentar as camadas de todos os personagens do submundo. E embora seja Nicole a dona do filme todo, vale uma grande menção ao vilão Silas, interpretado de forma ameaçadora pelo talentoso Toby Kebbell (Kong: A Ilha da Caveira, Planeta dos Macacos: A Guerra). Em pouco tempo de tela, ele já passa todo o sentimento ruim que um vilão deve cativar no público.
Mas é enfrentando seus demônios internos que veremos Nicole saindo literalmente de sua zona de conforto. Ela apanha, sofre, leva lição de moral da filha e vê seus planos indo pro ralo com uma forte carga dramática. E nessa nova face, o público vai sofrendo junto com Erin, mesmo que em várias situações não seja plenamente razoável apoiar suas escolhas. Mas é assim, cozinhando em fogo baixo, mas sempre com tensão no ar, que chegamos a um desfecho bem interessante. E com uma possibilidade de dupla interpretação.
A Vigília Recomenda.