Com vários prêmios na mão, Glenn Close brilha em A Esposa | Crítica
A consagrada Glenn Close ressurge com toda sua força no filme “A Esposa” (The Wife). O longa que já lhe rendeu o prêmio de Melhor Atriz no Globo de Ouro de 2019 chega em todo o Brasil na quinta-feira, dia 10 de janeiro, e é um daqueles dramas que nos traz uma série de sentimentos sobre como lidamos com vários temas. Nos mostra que a vida não é “preto no branco”, mas que várias camadas de cinza ocupam espaços importantes na nossa sociedade, modo de pensar e tratar assuntos postos como prontos para muita gente. E essa gama de situações percorre toda a trama de 1h40 dirigida por Björn Runge. Uma história bem contada, que flui em um ritmo quase perfeito.
“A Esposa” é baseado no livro de Meg Wolitzer. Ao lado de Glenn Close temos o também ótimo Jonathan Pryce (você deve lembrar dele como o Alto Septão de Game Of Thrones), Max Irons e o sempre caricato Christian Slater, além de Annie Starke, filha de Glenn Close, que interpreta o papel de Glenn na juventude (o que explica muito a semelhança que você vai notar entre as duas). Na trama vemos um casal Joe Castleman (Pryce) e Joan (Glenn Close), com suas vidas consolidadas após 40 anos de casamento. Ele, escritor, recebe o Prêmio Nobel de Literatura, que os leva a uma viagem para Estocolmo, onde a tranquilidade da relação vai mudar drasticamente. Com atenções exacerbadas sobre o marido, Joan é também assediada pelo ímpeto do jornalista Nathaniel Bone (Slater), ávido por escrever uma polêmica biografia do marido.
É fora dessa zona de conforto e numa inversão de expectativas, que vemos Joan e Joe sendo encurralados pelas escolhas do passado e que tanto refletem na atualidade. Ao longo de todos os 40 anos de casada, ela se privou de seu talento como escritora para apoiar o marido. Nesse escopo todo temos ainda a relação com os filhos, o aspirante a escritor David (Max Irons) e o nascimento do primeiro neto, e uma série de situações que vão de trágicas à amorosas. E são nesses momentos extremos que nos colocamos vários questionamentos sobre vida a dois, relacionamentos, amor e família. E claro, de forma expressiva, da evolução de conceitos da sociedade dos homens. Mas acima de tudo, escolhas.
Em “A Esposa” não temos grandes rodeios, ambições de grandes cenários, panorâmicas ou qualquer noção pretensiosa dos grandes blockbusters. O que nos prende é a narrativa, a história dos personagens e suas motivações e escolhas, e como tudo que parecia tão bem poderá terminar de uma forma tão diferente. É uma história bem contada, pés no chão, minimalista, mas ótima. Ao receber o prêmio durante o Globo de Ouro, Glenn Close fez um discurso importante, que vem muito ao encontro de seu papel no filme. Confira:
Além do prêmio para Glenn Close como Melhor Atriz no Globo de Ouro, sua atuação também lhe rendeu o Icon Award at the Palm Springs International Film Festival e o Hollywood Film Award Actress of the Year. Com seis indicações ao Oscar ao longo da carreira, mas nenhuma estatueta, talvez essa seja a vez de coroar o trabalho da atriz. Seria uma grande justiça.
Assista “A Esposa”. A Vigília Recomenda!