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Coisa Mais Linda: segunda temporada é mais madura e mais profunda | Crítica

Os anos 60 estão de volta em grande estilo. A segunda temporada de Coisa Mais Linda, quarta série brasileira original da Netflix, chegou no catálogo com apenas seis episódios, mas muito mais madura que a primeira. Se o início da história de Malu (Maria Casadevall), Adélia (Pathy Dejesus), Tereza (Mel Lisboa) e companhia já nos prendeu, a segunda temporada nos deixa ainda mais vidrados.

Feminismo, racismo, machismo, liberdade, impunidade. Todos esses assuntos são abordados de forma competente na segunda temporada da série. Maria Luiza, ou Malu, como ela prefere ser chamada, está mais madura, mais determinada, porém, os fantasmas do passado voltam para a assombrar. Mas nada freia ela.

Adélia e todo o seu núcleo ganham mais espaço no segundo ano da série. O racismo está presente em muitas situações, incluindo até mesmo situações que envolvem Conceição (Sarah Vitória). O amor muda, se transforma e se revela uma grande surpresa. Ao mesmo tempo, Ivone (Larissa Nunes) ganha mais espaço na trama e cativa, mostrando uma personagem competente, assim como era na primeira temporada.

Tereza é uma mulher moderna, para os padrões da época, e dessa vez, vai se aventurar colocando sua voz em uma rádio. A personagem mostra, em pequenos gestos, como o mercado de trabalho era pensado apenas para homens. Algumas atitudes sutis, como tirar o brinco na hora de colocar o microfone ou atender o telefone, demonstram que o ambiente tenta oprimir Tereza, mas sabemos que isso é impossível.

Se na primeira temporada vimos Lygia (Fernanda Vasconcellos) sofrendo violência doméstica, nesta nos deparamos com mais detalhes tristes da vida da moça com o futuro político Augusto, nos mostrando que, independente da época e da classe social, todas as mulheres podem sofrer violência.

Como não poderia ser diferente, Coisa Mais Linda continua enchendo os olhos. Com o Rio de Janeiro dos anos 60 ao fundo, a fotografia segue linda, solar, aconchegante. Os figurinos, os penteados, as maquiagens e os mobiliários dão o tom para a série e nos deixam sonhando com as poltronas ou as mesas de centro na sala de nossa casa.

Elas unidas podem estremecer uma geração

O primeiro episódio da série é um pouco arrastado, mas logo Coisa Mais Linda engrena. Nesta temporada, as locações da série se dividem entre o Coisa Mais Linda, as casas de Malu, Tereza e Adélia e o Copacabana Palace. O imponente hotel do Rio de Janeiro é quase um personagem da série, virando pano de fundo para inúmeros acontecimentos.

O maior trunfo de Coisa Mais Linda é retratar, de forma elegante e poética, a luta da mulher todos os dias, independente de ser na década de 60 ou agora. Como na primeira temporada, Coisa Mais Linda continua sendo uma ode, muito bem feita, à todas as mulheres.

E se a dúvida é se teremos terceira temporada? Só posso dizer, sem spoilers, que existe um gancho muito grande para isso.

Veredito da Vigilia

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