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Super Drags: a série que o público LGBTQ+ merecia | Crítica 1ª temporada

Super Drags, a animação nacional da Netflix, já causou polêmica antes de chegar no catálogo. Políticos e pediatras resolveram se manifestar contra a produção logo em sua concepção, mesmo com os avisos de que a série não seria voltada ao público infantil. Afinal, Os Simpsons, Family Guy e BoJack Horseman não são voltados à esse público também e nunca sofreram polêmica, né? Apesar de todo barulho, Super Drags estreou e surpreendeu.

Claramente inspirada em Três Espiãs Demais e As Panteras, Super Drags traz a história de Patrick (Sérgio Cantú), Donizete (Fernando Mendonça) e Ralph (Wagner Follare), três amigos gays que trabalham em uma loja de departamento e que se transformam nas drag queens Lemon Chifon, Scarlet Carmesin e Safira Cyan, lideradas pela chefe Vedete (a drag Silvetty Montilla).

Com cinco episódio de 25 minutos de duração cada, temos uma verdadeira imersão no mundo LGBTQ+. No episódio piloto, a população está em polvorosa para ir ao show de Godiva, ninguém mais, ninguém menos que Pablo Vittar, responsável também por Highlight, música de abertura da série. Porém, a vilã Lady Elza (que ganhou a voz de Rapha Vélez) quer sugar a vitalidade dos gays presentes no show. E aí que Super Drag pode incomodar os mais desavisados.

Piadas falocêntricas e linguajar chulo são vistos em todos os episódios, todo o tempo. Em alguns momentos, chega a constranger e a incomodar. Mas nada que tire o brilho dessa novidade.

Super Drags tem um grande trunfo: representa o público LGBTQ+ sem caricaturas, traz para o debate várias questões delicadas, como o preconceito dentro da família, e garante risadas. E a dedicação ao seu público alvo pode ser um tanto quanto excludente, afinal, quanto menos inseridos no dialeto (que virou até questão do ENEM) e nas piadas, mais difícil será entender a série. Porém, para o público em que a série deve ter sido desenhada, ela acerta em cheio.

Os jovens-adultos são captados também com sucessos da internet, como o Meme da Grávida de Taubaté e pela representação de YouTubers que dialogam com o meio, os meninos do Diva Depressão e Maíra Medeiros. Além disso, as piadas com a cultura pop estão presentes todo o tempo. São feitas referências à Stranger Things e Sense8. E a inspiração com o famoso reality show RuPaul Drag’s Race é visível também. Tudo o que o público gosta, em traços de desenho.

Algumas cenas do desenho podem passar despercebidas, mas merecem uma atenção para não voltarem à acontecer em uma segunda temporada. Como o abuso no primeiro episódio e as brincadeiras extremamente gordofóbicas durante a série toda. São pontos à se pensar.

Super Drags é composta de erros e acertos, mas, no geral, mais acerta do que erra. É um bom entretenimento, e é a representação que o público LGBTQ+ precisava e merecia.

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