As Viúvas: bora cometer um crime, meninas! | Crítica
Às vezes, eu acho que todo mundo é propenso ao crime quando se trata de Hollywood. E não falando do tipo roubar bala na vendinha. Falando de crime planejado, correr de câmera de segurança, dar de paulada em policial, coisa de profissional, sabe? E é nessa vibe que começo a falar sobre o filme As Viúvas, dirigido por Steve McQueen (12 Anos de Escravidão) e que chega aos cinemas do Brasil inteiro no dia 29 de novembro.
O que fazer se seu marido morre e agora você está sendo cobrada por 2 milhões de dólares que ele roubou de um tipo de máfia governamental? Chamar a polícia? Contratar seguranças? Construir um quarto do pânico? Vender tudo e fugir do país? Não, meus caros. Ledo engano, a melhor coisa é fechar uma gangue com as viúvas da galera que morreu e roubar o dinheiro de volta. Não sei como a galera conseguiu chegar nesse veredito, mas ele parece tão ruim.
Acompanhamos a história de Veronica Rawlings, interpretada pela vencedora do Oscar, Viola Davis, que ao perder seu marido, Harry Rawlings (Liam Neeson), em um tiroteio contra a polícia, acaba sendo ameaçada caso não cubra a dívida de Harry com a família Manning. Com isso, as outras viúvas do grupo de Harry entram no projeto: Alice (Elizabeth Debicki, de Os Guardiões da Galáxia Vol. 2) e Linda (Michelle Rodriguez, de Velozes e Furiosos 8).
Diferente de 12 Anos de Escravidão, Steve McQueen não consegue conduzir o filme de maneira que ele não seja dinâmico mas continue envolvente. Há uns momentos que o jogo de câmera é incrível, super fora do normal para um filme de Hollywood, porém, depois da primeira meia hora, vendo que basicamente nada aconteceu ainda, posso apostar que muita gente vai começar a ficar cansado.
Outro problema é esse plot. Não me entendam mal, eu sou completamente pró filmes que sejam liderados por mulheres, como 8 mulheres e um segredo, mas As Viúvas não consegue fazer com as mulheres sejam as protagonistas da história. Tudo gira em torno de uma máfia política masculina e tóxica em Chicago, o que lembra muito a mesma corrupção mostrada em O Doutrinador. Então, num movimento quase desesperado, essas mulheres que não tinham nenhum envolvimento com o crime em si, ou com a corrupção, tampouco com a máfia, viram pessoas capazes de executar planos super difíceis de um assalto. Do nada. Em um mês, tendo perdido quase tudo. E, mesmo assim, o filme consegue ser parado.
Sempre fico com um pé atrás quando nem o elenco, cheio de pessoas conhecidas (ainda temos Daniel Kaluuya, Colin Farrell, Robert Duvall e Jon Bernthall), consegue salvar o filme. As Viúvas, que era para fechar novembro com chave de ouro, deixa muito a desejar.