13 Reasons Why: uma série que fala sobre suicídio e atitudes
O que você faria se você recebesse fitas da sua colega de escola que cometeu suicídio contando os motivos que levaram ela a tirar sua própria vida? É isso que acontece em 13 Reasons Why. Hannah Baker gravou 13 fitas, uma com cada história, que são contadas ao longo de 13 episódios (como eu já havia imaginado e comentado no podcast da Vigília) e observados a partir da visão de Clay Jensen. A série segue fielmente a história contada no best-seller escrito por Jay Asher. A diferença é que agora são adicionados elementos como os conflitos com os pais e as reações das outras pessoas que também estão nas fitas.
O enredo é envolvente. Dificilmente, o espectador vai conseguir assistir um episódio só. Você vai querer saber mais e mais e quando perceber, a série já consumiu horas do seu final de semana. Com produção de Selena Gomez, a série original da Netflix tem uma trilha sonora excelente (que você pode escutar no spotify da vigília). Os atores, jovens e desconhecidos, convencem (coramão para Tony e Clay) e a fotografia, que apresenta iluminação diferenciada nas cenas de passado e presente nos fazem entrar ainda mais na história. O ambiente nos faz reviver o maravilhoso ensino médio, a melhor e pior época das nossas vidas.
Mas é sobre o enredo que temos que falar. ALERTA: a partir daqui, não me responsabilizo pelos spoilers. Se a sua dúvida é sobre assistir ou não a série eu digo: assista! Vale muito a pena! E depois comente aqui o que achou. Caso você tenha assistido ou não se importa com spoilers, continue a leitura.
Quantas vezes nós falamos sobre suicídio? E quantas vezes nós falamos sobre depressão? (E, por favor, não confunda tristeza profunda com depressão. Elas não são sinônimos, depressão é uma doença que mata e MUITO. O que você sente quando termina um namoro, geralmente, é só tristeza. Depressão é algo muito mais forte e maior). Não debatemos nenhum desses dois temas, nem em pequenas rodas de amigos, nem na escola ou na faculdade. Quem tem, esconde por medo de julgamentos. Quem conhece alguém que sofre dessa doença, conta como se fosse uma fofoca, invés de ajudar.
A depressão é uma doença silenciosa que tira a alegria das pessoas e a sua vontade de viver. É uma doença que mata de pouquinho em pouquinho, e para pessoas com baixa auto-estima e depressão, atitudes que pareceriam pequenas para qualquer pessoa, podem afetar muito a vida de alguém que possui essa doença, inclusive interferindo, em partes, na decisão dessa pessoa ao suicídio, assim como Hannah.
Quantas vezes você mesmo propagou um boato? Escutou uma história e saiu falando? Quantas vezes você fez zoeira ou falou coisas cruéis para alguém? Quantas vezes você deixou de elogiar um amigo? Ou o desmereceu? Quantas vezes você deixou de falar que ama alguém? Ou como aquela pessoa é importante na sua vida? Ou como ela é incrível quando faz uma coisa específica? Todos nós fazemos essas coisas. A própria Hannah pode ter feito. Mas precisamos repensar nossas atitudes. Ao invés de desmerecermos quem passa nas nossas vidas, tente ver o lado bom das pessoas. Das coisas. Das situações. Tente propagar amor e não ódio. Tem alguém que não te agrada ou faz algo que você não concorda? Se não for um crime, deixe pra lá. Te afasta de quem te faz mal e cuide bem de quem está perto de ti. Observe, converse e elogie, assim a vida de todo mundo vai ficar melhor.
Felizmente, por todas pontas soltas que ficaram pelo caminho, a história vai seguir para uma segunda temporada. Agora, sem as fitas de Hannah Baker, mas com o legado que as histórias deixaram e os impactos que elas causaram. Torcemos e queremos ver os personagens que já se tornaram queridinhos por nós em novas histórias.