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007 – Sem Tempo Para Morrer é pra ver na telona

O famoso Bond, James Bond está de volta. Sua fama o precede e não há quem não saiba sobre seus grandes feitos, missões chocantes, acessórios incríveis e sobre as belas mulheres que o acompanham (será?). É uma fórmula certeira (até então) e padrão, repetida filme após filme, mudando somente detalhes de trama, cenários e as figuras centrais. É mantendo essa tradição que temos (finalmente!) a estreia “007 – Sem Tempo Para Morrer”. Sem necessidade alguma de avisar ser um spoiler, o longa é o encerramento da jornada de Daniel Craig como o espião mais famoso do mundo, iniciada em 2006, com “Casino Royale”.

Dirigido por Cary Joji Fukunaga (Beasts of No Nation e True Detective), “007 – Sem Tempo Para Morrer” traz o retorno de Ralph Fiennes, Naomie Harris, Rory Kinnear, Léa Seydoux, Ben Whishaw e Jeffrey Wright ao elenco e ainda apresenta Ana de Armas (Entre Facas e Segredos), Dali Benssalah, David Dencik, Lashana Lynch (Capitã Marvel), Billy Magnussen e Rami Malek (Bohemian Rhapsody).

Minhas primeiras preocupações quanto à obra (e todo o seu conjunto, na verdade), vieram justamente sobre essa questão do “padrão”. Sabendo eu que Sean Connery havia estreado nas telonas na década de 1960 interpretando o “mesmo” personagem, tive de imaginar que se tudo seguiu sendo exatamente igual, muitos elementos acabariam sendo ultrapassados e antiquados. Durante todo o longa, que foi realmente longo (2h40min de duração), fiquei me questionando sobre isso, mudando de ideia quase que cena após cena. Logo mais já explico a que conclusão cheguei.

Mas vamos ao filme! Logo de início, temos uma sequência incrível na abertura, com lindas paisagens, cenas de amor, explosões e James utilizando os apetrechos de seu carro clássico de espião para se salvar. Em seguida, a vinheta de abertura, que traz a trilha oficial na voz de Billie Eilish: uma linda (e novamente longa) animação que contextualiza e dramatiza a história. Ou seja, em se tratando de 007, está tudo em seu lugar.

007 sem tempo para morrer
James Bond (Daniel Craig) e Paloma (Ana de Armas) prestes a apresentarem uma das melhores cenas do filme.

A trama: James agora está aposentado, na Jamaica (tal qual manda o figurino de Ian Flemming), após ter entendido que Madeleine (Lea Seydoux) o havia traído.

Os filmes de Bond, sempre funcionam como obras individuais, sendo conectados, ocasionalmente. O que temos aqui, no entanto, tem mais cara de continuação de “007 Contra Spectre” (2015), mas isso não chega a ser um problema, afinal, o filme também tem a pretensão de ser uma celebração da “versão de Craig” no icônico papel.

Nisso, surge outro ponto. Por tratar-se de um personagem tão marcante, interpretado por, no que é dito por muitos como o melhor 007 de todos (concorda? deixe seu comentário no final do texto), no final de sua saga, tenha trazido para o filme (e para Bond) um aspecto muito mais “emocional” do que nas versões anteriores. Aqui temos um James apaixonado, sensível e pronto para pendurar as armas.

Nomi (Lashana Lynch) pronta para a ação, em qualquer país que seja!

A narrativa da história, daí em diante, nos leva a também costumeira volta ao mundo. Afinal, nessa franquia os vilões são praticamente nômades do mal. Temos então a busca do 007 – mas não só ele, pois há a introdução de um novo agente – uma das grandes novidades do filme – por um vilão misterioso. Isso mesmo, durante o processo Bond descobre que uma outra agente assumiu a sua posição no MI6 (Lashana Lynch, a Maria Rambeau de “Capitã Marvel”). Junto de sua equipe do passado, Q (Ben Whishaw), Moneypenny (Naomie Harris) e M (Ralph Phiennes), os dois 007 precisam deter a mais nova possível catástrofe mundial (outro clássico de James Bond).

A grande ameaça, porém, mesmo que explicada, não convence como “algo que poderia acabar com o mundo”. E nisso surge Rami Malek (Bohemian Rhapsody), mais uma vez interpretando uma figura caricata e excêntrica, igualmente sem convencer, de fato, como problema central do filme, nos entregando um vilão pouco memorável. Comparativamente falando (por personagem, não por atuação), Christoph Waltz, reprisando o papel de Blofel, em seus 2 minutos de tela, encantou muito mais do que Rami em qualquer cena. De qualquer forma, Rami não brilhou. O background de seu personagem foi insuficiente, suas motivações, rasas e sua vilania, pífia.

Rami Malek é Safin, um vilão pouco memorável

Quem brilhou, de fato, mesmo com pouco tempo em tela, foi a maravilhosa Ana de Armas, de “Entre Facas e Segredos” (2019) e “Sergio” (2020), que conseguiu nos encher de carisma e talento, executando belíssimas cenas de luta e entregando muito charme. Em Ana vi o toque de Phoebe Waller-Bridge (de Fleabag) no roteiro.

Mesmo com os problemas quanto à trama da parte da espionagem (que não diria ser o principal aqui, já que James Bond está em busca do seu amor como fator principal), “007 – Sem Tempo Para Morrer” é uma bela obra para se assistir. Especialmente se você tiver a oportunidade de conferi-la em IMAX, no formato em que realmente foi gravada e projetada para ser consumida. Os cenários são incríveis, as jogadas de câmera são dinâmicas e tudo isso, juntamente da trilha (é claro, feita por ninguém menos do que Hans Zimmer) e dos efeitos sonoros, nos levam a imergir em incríveis sequências de ação.

Com tudo isso, chegamos no capítulo final para um 007… mas apenas o início para outro. Mesmo que essa informação já tenha circulado pelos mais diversos sites, é melhor deixar a surpresa para a sala de cinema. Mas a transição é feita de forma orgânica e, finalmente, ela poderá dar um novo rumo à fórmula clássica, trazendo novos ares para um personagem tão batido. É claro, no mundo tóxico que vivemos, teremos marmanjos (novamente) chorando por aí. 

No final de tudo, uma honrosa passagem de bastão. E até o próximo 007!

Veredito da Vigilia

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